Festival Internacional de Jornalismo dominado pelo tema das “notícias falsas”
Houve, no entanto, uma proveitosa troca de experiências e de informação sobre projectos e investigações em curso. O relato desenvolvido destas intervenções é uma das peças importantes na mais recente edição de Cuadernos de Periodistas, agora divulgada no site da Asociación de la Prensa de Madrid, com a qual mantemos um acordo de parceria.
Para complicar as coisas, nem sempre as fake news são criadas com intenção política deliberada, mas com objectivo económico, conforme explicou Alexios Mantzarlis, responsável pela Rede Internacional de Verificação de Dados do Poynter Institute:
“Muitas vezes trata-se de anúncios escondidos por baixo de títulos de clic fácil e, para acrescentar mais confusão ao leitor, as notícias falsas misturam-se com as autênticas.” (...)
Pela natureza instantânea da comunicação digital, links de toda a espécie acabam por chegar ao Facebook ou ao Twitter e são replicados até fartar. Pior do que isso, os boatos começam muitas vezes online, mas acabam também por ser publicados pelos media tradicionais, o que mostra a gravidade do problema. “Os meios de comunicação deviam fazer o seu trabalho melhor e mais rápido” - disse Gaia Pianigiani, repórter de The New York Times em Roma.
Um tema que foi discutido em paralelo com este, durante todo o Festival de Perugia, foi o dos populismos, especialmente na Europa e nos Estados Unidos. “O Presidente Donald Trump e a sua relação com os media foram protagnistas de muitas intervenções, mas também a Turquia e a Hungria, que aprenderam a usar as notícias falsas e os meios de comunicação em seu próprio benefício.” (...)
Um jornalista turco no exílio, Yavuz Baydar, recordou que a desinformação e os populismos andaram sempre juntos: “Não é nada de novo. Se lermos Goebbels, vemos que já então garantia que uma mentira muito repetida acaba por ser acreditada.” (...)
O texto da reportagem actualiza a situação para o tempo corrente:
“A desinformação sempre existiu, mas o que mudou foi a maneira de produzir e distribuir as notícias. Com as redes sociais, os defensores de um e de outro lado fecham-se nas suas convicções e bloqueiam as informações que as contradigam, incrementando o nível de desinformação. Os media também têm sido cúmplices, nos últimos anos, tomando decisões editoriais baseadas no número de clics ou visitantes ao seu website; também são mais relevantes do que nunca.” (...)
“Durante o festival, o Public Data Lab, uma rede internacional e interdisciplinar que investiga o uso de dados públicos, apresentou o seu projecto A Field Guide to Fake News, no qual se oferecem diferentes receitas para defrontar e localizar notícias falsas. (...) Este guia está cheio de exercícios que procuram ensinar de que modo uma notícia viaja pelas redes sociais e como estas receitas podem ser usadas para melhorar o entendimento. Por outras palavras, garante que um jornalista poderá medir de que modo os artigos que desmentem uma notícia funcionam diante das próprias notícias falsas.” (...)
Mais informação na reportagem publicada em Cuadernos de Periodistas e no site do Festival Internacional de Perugia.
O vídeo do lançamento do Field Guide to Fake News