Falta jornalismo exigente e de qualidade em período eleitoral no Brasil

Conforme explica Carlos Wagner, “ser de direita, esquerda, comunista, socialista, anarquista ou seja qual for a linha política, não é crime. Muito pelo contrário, é direito garantido pela Constituição. E há leis no país que determinam os limites onde cada um pode ir”.
Descreve depois os três candidatos com possibilidade de vencer a eleição presidencial - “o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL – RJ), capitão reformado do Exército que defende o modo de vida da direita — liberalismo económico, Ciro Gomes (PDT – CE) e Fernando Haddad (PT – SP), que são considerados pessoas de esquerda — defendem a intervenção forte do Estado na economia”:
“Bolsonaro, que lidera as pesquisas de intenção de voto, não pode ser considerado um extremista por ser de direita. Ele é considerado uma pessoa de extremos porque defende os ideais do golpe militar de 1964, quando as Forças Armadas, apoiadas por civis e pelo governo dos Estados Unidos, derrubaram o então presidente da República eleito, João Goulart, o Jango (do antigo PTB gaúcho). Ele também defende os personagens mais sinistros do período militar, que terminou em 1985: os torturadores.”
“Ciro e Haddad podem ser chamados de tudo. Menos de extremistas. Os dois já foram executivos (ocuparam cargos de prefeito e governador) e ministros. Os dois têm um discurso forte. Ciro é conhecido por ser um desaforado, o que não é crime. Haddad, por ter uma língua afiada nos debates políticos, o que também não é crime.” (...)
Para Carlos Wagner, a questão de fundo é que nenhum dos partidos por eles representados está em condições de fazer maioria:
“E aqui está o calcanhar de Aquiles de Bolsonaro. O partido dele, PSL, é pequeno e não tem tradição. A história mostra o perigo dessa situação.”
O autor cita o caso de Fernando Collor de Mello, o qual, quando renunciou em 1992, deixou o cargo ao seu vice-Presidente, Itamar Franco - o que “deixou uma grande lição para os jornalistas: ficar de olho no vice da chapa que concorre a Presidente da República.”
“Quem é o vice do Bolsonaro? O general da reserva do Exército Hamilton Mourão, uma pessoa sem tradição política, descrito no jargão dos repórteres como ‘um elefante em uma loja de cristais’.”
Carlos Wagner conclui que “os donos das grandes empresas de comunicação estão deixando passar uma oportunidade de ouro de fortalecer as suas marcas, oferecendo uma informação de qualidade para os seus leitores, especialmente os não assinantes, que são a grande maioria. A história costuma ser cruel com quem deixa o cavalo passar encilhado, como se fala nos rincões gaúchos”.
O artigo citado, na íntegra, no Observatório da Imprensa do Brasil