A Freedom House classifica a imprensa turca desde 2013 como “Não-Livre”, enquanto a Reporters Without Borders atribui à Turquia a 149ª posição entre 180 países, no seu World Press Freedom Index, abaixo de países como o Bangladesh, Etiópia e Afeganistão.  Segundo o Comité para a Protecção de Jornalistas (CPJ), a Turquia é o quinto país com mais jornalistas presos, a seguir à China, Egipto, Irão e Eritreia.

 

Em 7 de Março, a Reuters noticiou que, segundo uma porta-voz do governo alemão, a liberdade de imprensa na Turquia esteve na agenda do encontro de Angela Merkel com o primeiro ministro turco Ahmet Davutoglu, no dia anterior, tendo acrescentado: ”A liberdade de imprensa tem grande significado para o governo alemão”. Segundo o World Post, o presidente François Holande afirmou nesse mesmo dia que “a imprensa deve ser livre em toda a parte, incluindo na Turquia.” 

 

No dia seguinte, o The New York Times publicou um artigo de Sevgi Akarcesme, ex-chefe da redação do Today's Zaman (edição do Zaman em inglês),àcerca da ocupação do jornal pelas autoridades turcas. Reproduzem-se seguidamente excertos desse artigo.

 

“Não basta ao Presidente Recep Erdogan controlar a maioria dos jornais e estações de TV da Turquia. Na sexta-feira passada, o seu governo apossou-se do meu jornal. Zaman e  Today's Zaman eram duas das poucas vozes independentes que restavam na Turquia. […] No dia seguinte, as nossas ligações por internet foram cortadas para impedir os jornalistas de trabalhar numa edição especial dedicada à ocupação. Desde então, as autoridades desligaram os servidores electrónicos e destruíram o nosso arquivo digital.”

 

[…] “Mais de 20 jornalistas turcos estão na prisão.”

 

[…] “Esta pressão [sobre o Zaman] não é recente. Em Dezembro de 2014, as autoridades detiveram o então-chefe da redacção, Ekrem Dumanli […] O meu antecessor, Bulent Kenes, foi preso em Outubro passado […]  Eu próprio fui condenado no fim do ano passado, com pena suspensa, devido a um comentário de um leitor a um dos meus tweets.  […] Os jornais são acusados de disseminar “propaganda terrorista” e de ajudar organizações terroristas. Esta é a vaga acusação aproveitada para silenciar os que criticam o governo.”

 

[…] “É possível que este seja o meu último artigo como chefe da redacção do  Today's Zaman […] É preciso que o mundo diga ao regime de Erdogan que o que é demais, é demais. […] A comunidade internacional ainda tem influência sobre a Turquia. Exprimir apenas preocupação pela liberdade de imprensa e pelos direitos civis na Turquia, enquanto as violações são ignoradas em prol de interesses económicos e de acordos regionais, pode ser vantajoso por agora, mas o Ocidente arrisca-se a perder um aliado estável e uma democracia, invulgar entre países de maioria muçulmana, se não agir com firmeza para contrariar o regime autoritário de Erdogan.”