Estudo problematiza a questão da confiança e da credibilidade do jornalismo online
Na sua apresentação deste estudo, Carlos Castilho, editor do Observatório da Imprensa, reconhece que “é cada vez maior a dificuldade dos leitores em identificar o autor original do texto. Isto cria um grande desafio para os editores, porque a preferência do público passa a ser determinada por factores que fogem aos critérios tradicionais de confiabilidade”.
Por sua vez, o segundo parágrafo do trabalho citado recorda-nos os números actuais: “Nos EUA, mais de 60% dos utentes das redes sociais têm acesso às notícias por meio de plataformas como o Facebook e o Twitter, e as empresas noticiosas recolhem quase metade do seu tráfego das redes sociais.”
“Mas se os leitores encontram reportagens em todos os cantos da Web, e podem nem sequer lembrar-se em que sítio as leram primeiro, como podem as editoras construir uma audiência fiel? Será que as marcas ainda têm importância?”
Parece que sim, segundo uma primeira leitura do estudo: “É menos provável que os leitores confiem numa reportagem desenvolvida que aparece no BuzzFeed do que no mesmo texto publicado no site da revista New Yorker.”
A investigação foi realizada a partir de uma reportagem redigida para o efeito e publicada na New Yorker, no BuzzFeed e numa publicação ficcionada, chamada The Review, cujos leitores seriam o “grupo de controlo” do teste. O seu tema é Mother Jones Story, uma cidadã alegadamente importunada pelo FBI por se ter recusado a ser informadora, e inclui algumas técnicas jornalísticas menos convencionais, como gravações secretas e pseudónimnos.
A primeira impressão é que, de facto, há um desnível de confiança entre o BuzzFeed e The New Yorker, mas “os leitores vão fazendo muitos juízos sobre o próprio jornalismo, quando avaliam a credibilidade de uma reportagem”. Um dos inquiridos reconhece que usa como guia o título da publicação onde vai ler um artigo, mas que “alguns jornalistas são muito interessantes e credíveis, acima do facto de trabalharem para uma empresa famosa”.
De um modo geral, os participantes no estudo consideraram credíveis ambas as publicações, “um resultado notável, tendo em conta a generalizada diminuição de confiança no jornalismo”. (...)
“A reputação de uma publicação - a sua ‘marca’ - pode convencer os leitores habituais dos méritos de um texto. Mas o nosso estudo sugere que a construção de uma confiança generalizada exige maiores esforços para contrariar o crescente cepticismo dos leitores online.”
A apresentação no Observatório da Imprensa e o estudo original na CJR, de onde colhemos a ilustração, assinada por Christie Chisholm