Como explica o texto de apresentação desta obra, de Richard Sambrook, da Universidade de Cardiff, o livro é mais longo no diagnóstico do que na prescrição de remédios, “mas a experiência directa daqueles que estão dentro, ou muito perto das trincheiras dos media, é convincente”. 

Este ano de 2017 será “decisivo” para os jornais britânicos em papel. The Independent desistiu da impressão e optou pelo digital, “enquanto as receitas da publicidade no papel continuam a cair precipitadamente, levando a alarmes sobre os lucros e a revisões estratégicas em toda a indústria”. É previsível que outros jornais sigam o seu exemplo. 

Mas, como diz neste livro Adam Smith, do grupo publicitário WPP, coloca-se aqui um dilema: se vale a pena “perder o pássaro que temos na mão (os lucros da impressão, do mundo analógico), por dois na floresta  - os lucros do digital, que prometem muito mas têm revelado, até agora, uma colheita desanimadora”. 

Os caminhos seguidos não muitos. O texto faz um resumo do caso britânico.

The Times e outros jornais do grupo de Murdock têm optado por uma pay-wall completa. De certo modo, é uma defesa contra a pirataria das empresas tecnológicas, em proveito do pagamento do jornalismo original. “Mas, como sugerem os despedimentos no Wall Street Journal, esta troca pode não ser garantia de lucro seguro”. 

Outros, como The Telegraph, usam uma pay-wall parcial, “deixando alguns artigos em acesso livre para garantir que a marca continua visível online”, mas pedindo pagamento pelo uso subsequente.

The Guardian tem mantido o modelo aberto, por adesão voluntária, na crença de que o acesso global acabará por trazer receita sem a cobrar por assinatura. Mas as suas finanças estão a sofrer  - o Grupo Guardian Media perdeu 69 milhões de libras no ano findo, e uma mudança de direcção parece inevitável. 

Por último, há o modelo grátis, liderado pelo London Evening Standard, que distribui o jornal para atingir uma alta circulação (os números citados, de Junho de 2016, chegavam aos 900 mil exemplares), que pode então “ser vendida aos anunciantes a um preço mais elevado”.

“Mas o que funciona numa das mais vibrantes capitais do mundo, pode não funcionar em toda a parte”  -  conclui a resenha do livro.

 

O artigo original, no site da Ethical Journalism Network