As modernas técnicas de reciclagem do papel para fazer mais papel não tinham ainda sido desenvolvidas, pelo que a intenção era outra. Conforme se conta numa reportagem publicada no Expresso online, esta estratégia da “recompra” era “uma operação que actualmente seria vista como uma excelente campanha de marketing”. 

“Mais do que um apelo, era uma ordem, uma interpelação aos leitores: ‘Guardem os jornais depois de lidos!’, que os tempos são de crise e a guerra que atravessa a Europa provoca escassez de comida, medicamentos e matérias-primas. (...) O papel de jornal, que antes da I Guerra Mundial custava oito centavos por quilo, já está nos 50.” (...) 

“Era imperativo manter leitores ou perder o menor número possível de compradores: ‘Os leitores do Diário de Notícias, que sejam poupados e que desejem minorar o prejuízo causado pelo aumento desta folha guardem, portanto, os jornais depois de lidos, e não os deteriorem nem percam, porque, depois descontado o preço por que os venderem, fica-lhes afinal cada exemplar de 4 páginas a 15 réis, pouco mais ou menos’.” 

“De Fevereiro de 1918 em diante, é a própria empresa do Diário de Notícias quem pagará ‘aos leitores habituais desta folha os exemplares publicados à razão de 800 réis [80 centavos] cada 5 kilos (quantidade mínima)’ ou 2$500 cada arroba [15 quilos]. O jornal estabeleceu assim um ‘contrato’ implícito com os seus compradores de forma a tornar mais suave o aumento para 2 centavos da edição diário deste matutino.” (...) 

A reportagem citada, no Expresso