Erdogan agrava repressão contra jornalistas com novas detenções
O Zaman, de tendência oposicionista ao actual governo turco, era o jornal mais vendido no país, com tiragens diárias acima dos 600 mil exemplares, mas em Março foi ocupado pelas autoridades e colocado sob tutela do Estado. Entre os jornalistas já detidos encontra-se Sahin Alpay, "que durante anos assinou uma coluna no diário e foi dirigente do CHP, o partido secularista que lidera a oposição na Turquia" - segundo notícia do Público online.
Um responsável turco, citado pela AFP, assegura que as detenções fazem parte da “grande limpeza em curso” no país, afirmando que há poucos meses o Zaman era “o porta-estandarte dos meios de comunicação favoráveis” ao “terrorista Gülen”. “Os procuradores não estão interessados no que os colunistas escreveram ou disseram. De momento, a opinião é que os empregados com cargos mais importantes do Zaman terão um conhecimento íntimo da rede de Gülen e isso é importante para a investigação”, afirmou o mesmo responsável, citado pela Reuters.
A estação CNN Turquia filmou o jornalista Sahin Alpay a ser levado pela polícia da sua casa, adiantando que as autoridades chegaram ao local às 6h (4h em Portugal continental) e revistaram a residência durante duas horas e meia. “Não cometi nenhum crime, não sei por que estou a ser detido”, afirmou Alpay.
Segundo notícia do turkishminute, também a jornalista e ex-deputada Nazli Ilicak, que se encontrava na lista anterior, de 42 jornalistas, já foi detida. Conforme referimos, Nazli Ilicak era deputada pelo Partido da Virtude e sentava-se ao lado de Merve Kavakci, que em 1999 levou o seu lenço islâmico na cabeça para a cerimónia de investidura, sendo impedida e expulsa pelo então Primeiro-Ministro Bulent Ecevit.
Nazli não usava o lenço e apoiou a decisão de Ecevit mas, depois da dissolução do Partido da Virtude em 2001, por violação dos artigos secularistas da Constituição turca, muitos dos seus membros vieram a apoiar ou até a fazer parte do AKP, actualmente no poder. Nazli Ilicak foi despedida, em 2013, do jornal pró-governamental Sabah, depois de ter criticado ministros apanhados num caso de corrupção, segundo noticiaram os canais de televisão NTV e CNN-Turk.
Mais informação no Le Monde e turkishminute