“El País” deixa leitores na Europa “órfãos de papel”
Em Fevereiro, o jornal espanhol “El País”, deixou de aparecer nas bancas dos vários países europeus.
Num editorial, Carlos Yárnoz, provedor do leitor daquele título, notou que esta medida é sintomática do novo panorama mediático, caracterizado pela digitalização dos conteúdos e pela aposta nas assinaturas digitais.
Por outro lado, Yárnoz aponta que, enquanto, esta nova estratégia pode ser considerada essencial em termos de sustentabilidade financeira, existem alguns leitores desapontados com a decisão, alegando terem ficado "órfãos do papel”.
Aquele provedor afirma, por exemplo, ter recebido uma carta de um leitor português, Vítor Almeida, que se disse triste por perder o acesso a um jornal que lê há 30 anos.
“Tenho 60 anos e compro o ‘El País’ há 30. Foi com grande tristeza que descobri que já não será vendido em Portugal. Poderiam, pelo menos, distribuir a edição de domingo. É uma forma de promover a língua e a cultura espanholas e de responder aos desejos dos leitores ansiosos por um bom jornalismo".
Da mesma forma, Juan Carlos Machuca, radicado em Londres, afirmou que “nestes 21 anos como emigrante, a leitura deste jornal fez-me sentir próximo de Espanha. Para os meus amigos tenho sido sempre o espanhol com o ‘El País’. [Esta medida] condena-nos a um ecrã digital. Rouba-nos o prazer da leitura sem pressa. Deixa-nos órfãos de papel".
Março 21
Além disso, alguns leitores pediram consideração pelos seus hábitos de consumo mediático, já que dizem ter apoiado o “El País” ao longo dos anos.
Por sua vez, Mónica Ceberio, vice-directora do jornal, argumenta que a eliminação das vendas em bancas de jornais no resto da Europa foi uma decisão "dolorosa mas necessária" devido ao “custo excessivo de vendas tão baixas”.
Até porque, em 10 anos, as vendas do “El País” caíram 90% no resto da Europa”.
Posto isto, “a fim de manter a sua independência e sobrevivência, um jornal tem de ser sustentável", explicou Ceberio. "O nosso foco está agora no modelo de assinatura da edição digital e na orientação dos nossos recursos para tornar o jornalismo cada vez mais relevante".
Ainda assim, alguns especialistas argumentam que o papel continuará a subsistir, pelo menos, durante mais uma década.
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