Editores procuram receitas para jornalismo não ser refém dos cliques
O aumento do pagamento de conteúdos, as assinaturas, adesões ou doações têm crescido moderadamente. O número de leitores pagantes permanece estático nos EUA (16%). A Noruega (34%) e a Suécia (27%) destacam-se pelos seus resultados superiores. Mas mesmo em lares com altos rendimentos, o hábito é pagar apenas uma única assinatura.
Alguns dos grandes meios de comunicação social globais têm conseguido resultados bastante bons, como é o caso do New York Times, Financial Times, The Economist ou The Guardian. Estes meios representam jornalismo de alta qualidade, em Inglês, e registam receitas significativas fora do seu país de origem.
A realidade destas receitas é difícil e incerta. Contudo, a assinatura de um único jornal é uma tendência que pode sofrer mudanças, devido à crescente popularidade dos agregadores de notícias.
As audiências também estão a sofrer alterações, pois começaram a dispersar-se, dando lugar a uma audiência que evita as notícias e a informação pura e dura, procurando que os media os ajudem a compreender as notícias.
Segundo o relatório da Reuters, esta tendência de deixar de acompanhar as notícias "pode ser porque o mundo se tornou um lugar mais deprimente ou porque a cobertura dos media tende a ser mais negativa ou uma mistura dos dois".
Outra tendência em evolução é o aumento do áudio e dos podcasts, que se revelou um desafio para os editores. Em média, 36% dos utilizadores de notícias digitais acederam a um podcast no último mês. Em países como a Coreia do Sul (53%) e Espanha (39%), os consumos deste formato são elevados. O Daily, do New York Times, é um dos podcasts mais ouvidos com "cerca de cinco milhões de ouvintes por dia".
Da amostra utilizada para este estudo, mais de metade revela preocupação face à sua capacidade de separar o que é real e o que é falso na Internet.
Nos Estados Unidos, foi publicada uma pesquisa com 169 jornalistas de 25 meios de comunicação, na qual 40% dos jornalistas destacam os problemas financeiros dos media causados pelo modelo de negócio, impulsionado pela publicidade.
O novo ambiente digital redirecionou a publicidade para a Google, o Facebook e a Amazon, fazendo com que os editores se foquem na obtenção de cliques. Esta necessidade faz com que os meios se concentrem na quantidade e não na qualidade.
Segundo os entrevistados do estudo, é essa tendência que tem distorcido o exercício do jornalismo e o seu papel. A maioria dos profissionais acredita que é necessário voltar a um jornalismo baseado na verdade e na qualidade e não em cliques.
O Financial Times foi um dos jornais que conseguiu realizar a transição para o formato digital com sucesso. O jornal tem mais de um milhão de subscritores este ano, uma meta que esperava atingir até 2020. As assinaturas digitais representam mais de 75% da sua circulação e 70% do seu público é fora do Reino Unido.
O jornal utiliza a análise de dados para avaliar o desempenho dos conteúdos publicados, de forma a conhecer melhor os leitores e o perfil dos utilizadores. O Grupo tem, também, um departamento de conferências e eventos, que organiza anualmente mais de 200 e a editora adquiriu ainda participações em empresas de moda e luxo. Um analista calcula que mais de 50% dos lucros do Financial Times Group são provenientes de operações externas ao FT.
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