E se o jornalismo online, afinal, for menos visível?
A sua pergunta de partida é a questão da visibilidade, ou, melhor dizendo, da invisibilidade. Agora que o diário Independent desaparece das bancas como jornal impresso, e que a sua edição semanal, o Independent on Sunday, segue o mesmo destino, será que tudo fica na mesma?
“Os dois jornais - com muitos dos seus jornalistas ainda a bordo - passam a viver no ciber-espaço, por via dos telemóveis, dos computadores portáteis, dos tablets.
Terão feito a sua ‘transição’ (palavra que parece prometer uma existência e uma função futura).
Agora vem o teste crucial, para eles e para todos os que desejam trilhar este caminho - o teste do impacto, da influência e da presença” - escreve Peter Preston.
E acrescenta alguns números: a edição em papel, nos dias de semana, já tinha caído para os 40 mil exemplares, e o total mensal chegava aos 2.290.000 leitores, mas, segundo o National Readership Survey, atingia 5.262.000 nos computadores portáteis e 14.715.000 nos telemóveis.
“Isto parece um bom começo” - admite Peter Preston - ainda mais com os prometidos dois meses de experiência grátis, antes de chegar a assinatura de 12.99 libras. “Isto é, se os potenciais envolvidos souberem que o Indy ainda lá está. É outra vez a armadilha da invisibilidade.”
E o autor passa a usar outra imagem, a das “caixas”, ou espaços contíguos em que os meios de comunicação hoje competem.
“A vida dos media, hoje, está cheia de pequenas (ou menores) caixas. (...) Uma estonteante multiplicidade de canais de TV e de websites estão aí a dividir para reinar. Podemos ser famosos numa dessas caixas, e anónimos noutra. A fama tornou-se assunto de muitos sectores. Adquirir uma real visibilidade, em 2016, significa ligar caixas umas às outras, para criar uma imagem completa. Mas o que sucede quando esses links desaparecem?"
A concluir, Peter Preston escreve:
“Porque este é que vai ser o problema do Independent digital, se tiver de viajar sozinho. Será que aquilo que Patrick Cockburn, Robert Fisk e os outros colegas escrevem ainda vai ser repescado pelas sínteses noticiosas da BBC, ou da Sky News? As suas reportagens ainda vão ver texto impresso e aparecer nos espaços de difusão? Será que o Independent vai continuar a existir como uma empresa noticiosa, ou acabará por se juntar aos BuzzFeed, HuffPost e o resto, nas ‘caixas’ deles?” (…)
“Transição é uma coisa. Visibilidade é outra muito diferente. Não será que o Independent online se aguentou tão bem porque tinha um respeitado jornal físico, em papel, por detrás dele - duas caixas em vez de só uma? Temos todas as razões para esperar o melhor - o regresso, ao fim de um ano, para ver se viajar sozinho (…) vai ser um sucesso visível ou um falhanço invisível.”
O artigo completo, no The Guardian