O estudo, intitulado “Literacia dos meios noticiosos e adesão a teorias de conspiração”, é o primeiro do seu género a estabelecer a relação entre a literacia dos meios noticiosos e o modo como as teorias de conspiração têm efeito junto dos consumidores  - diz Stephanie Craft, docente de Jornalismo na Universidade do Illinois. 

Craft e outros dois professores entrevistaram 397 adultos de diferentes proveniências demográficas. Os participantes identificaram-se dentro de algum grau nas categorias de “liberal”, “conservador” ou “moderado”. Foi apresentado a cada participante “um número de possíveis narrativas de conspiração”, que os investigadores classificaram como “liberais” ou “conservadoras”  -  por exemplo, sobre a relação entre a vacinação de crianças e o autismo, ou sobre se o aquecimento global é uma fraude -  e depois foi-lhes perguntado “até que ponto acreditavam que estas narrativas eram verdadeiras”. (...) 

“É significativo que o conhecimento sobre os meios noticiosos  - não quaisquer crenças a seu respeito, mas conhecimento de factos básicos sobre a estrutura, o conteúdo e os efeitos -  está associado a uma menor probabilidade de alguém se deixar apanhar por uma teoria de conspiração, mesmo uma que seja conforme à ideologia política da pessoa”  -  afirma Craft. (...) 

“Mas as empresas noticiosas não sabem muito bem como explicar as minúcias do jornalismo diário a uma audiência que está desconfiada das notícias. Um estudo recente do Poynter Institute revela que 69% dos consumidores entrevistados acreditam que os media são tendenciosos e que as empresas noticiosas ‘tendem para um lado’ sempre que apresentam ‘notícias que tratam de temas políticos e sociais’.” (...) 

Como reconhece Margaret Sullivan, de The Washington Post, as “fontes anónimas” são um dos mistérios menos compreendidos: 

“Parece que muitas pessoas pensam que, quando usamos fontes anónimas, nós nem sequer sabemos quem elas são  - isto é, que são anónimas para nós mesmos.” (...) 

Ellis Smith, editor de The Hawk Eye, conta que tem lutado com esta questão da transparência durante anos: 

“Toda a gente acha que somos tendenciosos, que todos os media são tendenciosos. Muitas vezes apontam para uma coluna de um colaborador, ou um artigo de opinião, e não sabem o que são. Já não conseguem distinguir entre o editorial e as páginas de notícias.” 

Uma das coisas que ele passou a fazer é ter o cuidado de garantir que os textos de opinião, principalmente os que vão para as redes sociais, vêm claramente etiquetados, tanto no título como na informação sobre o autor. Porque “nas redes sociais e na Internet há uma quantidade de histórias que simplesmente saltam à vista”  - explica. (...) 

 

O artigo citado, na íntegra, na Columbia Journalism Review