É comum, na Turquia ou noutros países, ver os Estados ou os grandes grupos comerciais adquirirem os serviços de "jornalistas" que consentem em colocar-se sob as suas ordens, tratando de temas encomendados. Mas este procedimento  - explica Aydin Engin -  "equivale a perseguir cada mosquito para erradicar o paludismo; na Turquia, o poder de Erdogan encontrou uma solução muito mais eficaz : a aquisição pura e simples dos jornais e canais de televisão". 

"Os jornalistas que denunciaram esta apropriação dos media foram despedidos. Nos últimos três anos, chega a cerca de 2.600 o número dos jornalistas que perderam o seu emprego na Turquia. Os media e os grupos de Imprensa que não foram comprados e metidos na ordem foram reduzidos à impotência e tornados completamente inócuos. (…)  Já não existem jornais de oposição, além do Cumhuriyet e de dois outros diários de tiragem relativamente limitada, o Birgün e o Evrensel." 

"A situação  - afirma Aydin Engin – é ainda pior do lado da televisão. Além de alguns canais online, geralmente pouco seguidos, a totalidade das redes de televisão alinhou-se pelo poder ou foi submetida por ele. Os jornais que podem ser considerados pró-curdos foram tomados e os canais de televisão impedidos de emitir. Não resta mais do que um enorme deserto mediático." (…) 

A descrição que faz das consequências desta política sobre a vida dos jornalistas é dolorosa:

"À força de auto-censura, tornámo-nos autênticos acrobatas da pena, pesando a mínima palavra para evitarmos ser levados a tribunal e condenados a prisão. Alguns, entre nós, ficaram peritos nesta arte. Os outros estão em julgamento, ou já atrás das grades." 

Aydin Engin defende o prestígio do seu jornal, "tão velho como a República de que guarda o nome", e as causas por que se bate: a democracia, a laicidade, a liberdade de consciência e de associação.

Conta ainda que onze dos seus companheiros, "indispensáveis ao funcionamento administrativo e redactorial" do jornal, estão detidos sem se saber quando serão libertados ou levados a tribunal:

"Os nossos companheiros estão encarcerados, mas nós continuamos a assegurar a saída do jornal sem nos desviarmos da nossa linha editorial."

 

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