Posto isto, aquele profissional sugere o aumento das “regras da transparência no sector, por um lado, e, por outro, tentar assegurar a autonomia dos jornalistas, as suas liberdades face aos grupos empresariais onde trabalham”.


Arons de Carvalho ressalvou, no entanto, que a chegada de capital aos “media” pode ser uma boa notícia se aumentar “a pluralidade de vozes, a independência dos jornalistas e as condições de sustentabilidade das empresas”.


A preocupação é partilhada por Elsa Costa e Silva, professora do Instituto de Ciências da Universidade do Minho, que defendeu que os investimentos recentes devem ser acompanhados “com cuidado”, já que os accionistas em causa  “não têm conhecimento deste mercado, que é muito particular”. 


E, perante as dúvidas, pediu uma maior actuação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social. “A ERC tem toda a cobertura legal para interrogar estes grupos e saber ao que vêm.”


Também a presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ) , Sofia Branco, diz não ter dúvidas de que há falta de transparência nas mais recentes alterações de accionistas”:


“Ficamos todos a pensar se não haverá tentativas de instrumentalização para montar áreas de influência”, disse.


“A informação deve ser tratada como um bem público e, como tal, a transparência e a fiscalização nos ‘media’ deviam ter uma regulamentação mais eficaz”. 


Aquela responsável defendeu, ainda, que todos os interessados em entrar no sector deveriam explicar quais os seus objectivos, para se poder aferir das suas intenções.


Além disso, Sofia Branco acredita que a Assembleia da República também deveria estar envolvida no processo, de forma a escrutinar o que é feito com esse “bem público”.


Por seu lado, o secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, disse, em entrevista ao “Expresso” que “o Governo acompanha com atenção” as recentes mudanças accionistas, mas não quis fazer mais comentários, atendendo a que se trata de negócios entre privados.


O semanário de Francisco Balsemão questionou, igualmente, os principais accionistas da Media Capital sobre os motivos que os levaram a investir nos "media”, mas poucos quiseram comentar.


Do lado da Global Media, Marco Galinha explicou que acredita no sector e  que reconhece a importância do jornalismo para o país.