O trabalho do Comité para a Protecção dos Jornalistas  - que aqui citamos da versão em português, no seu proprio site -  destaca as contradições de dois estadistas a respeito do caso notório do assassínio do jornalista Jamal Khashoggi no consulado da Arábia Saudita em Istambul: 

“O chefe de Estado que se tornou a voz mais contundente no caso de Khashoggi foi o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan  - cujo governo efectivamente acabou com os media independentes e está prendendo mais jornalistas do que qualquer outro em todo o mundo pelo terceiro ano consecutivo.” 

“A Casa Branca, tradicionalmente uma forte defensora da liberdade de Imprensa global, equivocou-se sobre a culpa pelo assassinato de Khashoggi, apesar das conclusões da CIA, segundo o Post, de que apenas o príncipe herdeiro poderia ter ordenado tal operação.” 

“No que foi divulgado como sua declaração definitiva sobre o caso, em 20 de Novembro, o Presidente Donald Trump disse  - referindo-se ao suposto papel do príncipe herdeiro – ‘talvez ele tenha feito isso e talvez não!’ e que, ‘em qualquer caso’, os EUA ‘pretendem permanecer um parceiro firme da Arábia Saudita’, citando aquisições sauditas de equipamento militar e uma oposição conjunta ao Irão. Essencialmente, Trump sinalizou que os países que fazem negócios consideráveis com os Estados Unidos estão livres para assassinar jornalistas sem consequências.”  (...)

 

O Afeganistão continua a ser considerado, em 2018, o país mais letal para os jornalistas e um dos pilares do Índice Global de Impunidade do CPJ, “que destaca os lugares onde os jornalistas são regularmente assassinados e seus assassinos ficam livres”. É referido o atentado suicida de 30 de Abril, em que o agressor se disfarçou de jornalista “e detonou os seus explosivos no meio de um grupo de repórteres que corriam para o local da primeira explosão”.  (...) 

“O CPJ está investigando a morte de outros 23 jornalistas em 2018, mas até agora não foi possível confirmar que o motivo foi o exercício do jornalismo nesses casos. (...) Os membros da equipa do CPJ investigam e verificam de forma independente as circunstâncias por trás de cada morte. O CPJ considera um caso relacionado com o trabalho apenas quando a sua equipa tem razoável certeza de que um jornalista foi morto em represália directa pelo seu exercício profissional, em fogo cruzado relacionado com um combate ou durante a execução de uma tarefa perigosa, como cobrir um protesto que se torna violento.” 

“Se os motivos de um assassinato não são claros, mas é possível que um jornalista tenha morrido em relação com o seu trabalho, o CPJ classifica o caso como ‘não confirmado’ e continua investigando. A lista do CPJ não inclui jornalistas que morreram de doenças, em acidentes de carro ou de avião, a menos que o acidente tenha sido causado por acção hostil. Outras organizações de Imprensa, que usam critérios diferentes, citam diferentes números de mortes.” (...)

 

Mais informação no Observador e no site do CPJ