Duopólio Google-Facebook na publicidade digital ameaça o jornalismo
O Facebook já fica com 35% da publicidade digital nos EUA, o Google com 14% “e nenhuma outra empresa chega aos 10%, mas pode acontecer que a terceira nesta disputa seja em breve a Amazon”.
Os efeitos deste desenvolvimento estão a chegar a um ponto em que, segundo Miguel Ormaetxea, editor de Media-tics, que aqui citamos, “ou as grandes plataformas da Internet fazem alguma coisa realmente eficaz ou vão multiplicar-se os protestos e as reacções perante esta distribuição desigual”.
Os dados do primeiro semestre, em Espanha, são também preocupantes para os grandes meios, que assistem a uma redução considerável da receita publicitária no digital:
“Na Prisa aumentaram apenas 5,2%, comparados com os 20,4% que tinham feito em 2016. Na Vocento cresceram 5,7%, em vez de 13,6%. Isto num contexto em que a facturação publicitária tradicional está literalmente arrasada e a circulação e as vendas continuam em queda livre. A sua grande esperança era o aumento muito considerável da publicidade digital, mesmo que não compensasse, nem de longe, a quebra das outras receitas. Se agora está em travagem o auge das receitas digitais, o que lhes resta?” (...)
Miguel Ormaetxea recorda o muito recente encerramento do jovem jornal digital Bez.es (de que se fala noutro local deste site), as crescentes dificuldades no El Independiente e na Libertad Digital e nos grupos Prisa e Vocento.
Passando a outros países europeus, recapitula as medidas de aproximação entre vários meios que eram concorrentes entre si, para concertarem uma resistência conjunta à pressão do referido “duopólio” e conclui com mais uma notícia preocupante, a que também já temos dado atenção no site do CPI: a de que esta deriva está a conseguir que haja “multimilionários a adquirirem influentes meios de comunicação a preço de saldo”.
Mais informação no texto de Miguel Ormaetxea, em Media-tics, e os números do avanço do “duopólio” em Março de 2017, na Forbes