Segundo o autor, o líder nesta tecnologia continua a ser os Estados Unidos, que lhe destina 3,33 do PIB. A aposta da China é forte e já vai nos 2,16%. A Europa vai muito atrás, dedicando-lhe apenas 1,66% de um PIB que é semelhante ao dos EUA  -  mais de 11 mil milhões de euros da Zona Euro, perante os mais de 17 mil milhões dos EUA, e superior ao da China, de cerca de 10,8 mil milhões. 

Segundo informação da McKinsey  - citada pelo jornal espanhol El Mundo -  a Europa poderia aumentar o seu PIB em 2,7 mil milhões de euros se investisse em tecnologia ao mesmo nível dos Estados Unidos e da China. 

Mas, como comenta Miguel Ossorio Vega, com as suas características actuais, a União Europeia, “uma convergência inacabada a todos os níveis, revela disparidades que prejudicam a sua corrida”. 

As grandes diferenças, neste terreno, continuam a ser entre o Norte e o Sul: 

A Finlândia destina 3% do seu PIB à tecnologia, a Suécia 2,8% e a Holanda 2,6%. Mais perto de nós, a Espanha destina 1,3%, a Itália 1,2% e a Grécia 1,1%. 

“O facto de não ser um país, mas sim um conjunto de países com as suas próprias políticas e objectivos nacionais, impede que se alcance o potencial necessário para competir, em igualdade de condições, com os líderes de um mundo global em que mandam as superpotências.” (...) 

Por fim, e a propósito deste duelo de gigantes entre os Estados Unidos e a China, pela liderança no espaço de tecnologia mais avançada, é oportuno ler o trabalho de David Samuels, na revista mensal Wired, que tem como título original a questão de saber se essa tecnologia não estará a conduzir-nos na direcção do Big Brother

Traduzido para português e publicado na Revista do Expresso, o texto descreve como, tanto na China  - que já tem um sistema de “crédito social” controlado pelos dados da “pegada” digital de cada cidadão -  como nos Estados Unidos, onde as coisas ainda não foram tão longe, temos motivos de preocupação: 

“O Big Brother é uma realidade emergente na China. E, contudo, pelo menos no Ocidente, a ameaça de sistema de vigilância governamental ser integrado com as capacidades de vigilância de empresas privadas que já existem em companhias de big data como o Facebook, o Google, a Microsoft e a Amazon, num olho gigante que vê tudo, parece preocupar muito pouca gente  — embora países como a Venezuela tenham sido rápidos a copiar o modelo chinês. [NT: a expressão big data designa gigantescos bancos de dados que são analisados por computadores para determinar padrões e ligações.]” (...) 

“A velocidade a que ruirão os arranjos sociais baseados nos direitos individuais e na privacidade dependerá de quão rapidamente a big tech e o aparelho de segurança nacional americano consumarem uma relação que tem vindo a tornar-se cada vez mais próxima ao longo da última década.” 

“Embora as agências de segurança estatais americanas não tenham acesso regular em tempo real às quantidades gigantes de dados recolhidas por empresas como o Google, o Facebook e a Amazon  — pelo menos tanto quanto sabemos —  há relatos e provas objectivas que sugerem que os planetas da big tech e das agências de segurança americanas, antes distantes um do outro, estão a fundir-se rapidamente num único mundo corporativo e de vida burocrática, cujo potencial para localizar, distinguir, baralhar, manipular e censurar os cidadãos poderá resultar numa versão soft do Big Brother chinês.” (...)

 

Mais informação em Media-ticsEl Mundo  e na Wired