“Ditadura de Consenso” como “site” de jornalismo independente na Guiné-Bissau
Nos últimos anos, a Guiné-Bissau tem apertado as restrições à liberdade de imprensa, ao encerrar as operações de “media” independentes, além de perseguir e agredir jornalistas críticos do governo.
Uma das vítimas deste regime repressivo é António Aly Silva, um jornalista guineense conhecido pela sua luta em defesa da liberdade de imprensa e informação na Guiné-Bissau, que, em Março de 2021, foi sequestrado, espancado e abandonado em Bissau.
Em entrevista para o “Observatório da Imprensa”, associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria, Aly Silva falou dos perigos que enfrenta por editar o “site” “Ditadura de Consenso”, publicar textos críticos do governo, e por exercer jornalismo independente numa “democracia musculada”
Aly Silva começou por revelar que a perseguição de jornalistas de investigação é uma prática comum na Guiné-Bissau, já que o governo procura esconder algumas realidades.
“ As motivações são sempre o meu trabalho de investigação e as denúncias dos males que assolam a Guiné-Bissau: corrupção, nepotismo e, sobretudo, tráfico internacional de drogas, em que o Brasil tem um papel importante”, disse.
Ainda assim, a política continua a ser o principal foco dos “media” guineenses, que acabam por negligenciar outras temáticas.
Julho 21
“A política acaba por roubar a cena, pois é ali que há ‘a’ notícia. E como se sabe, o jornalismo vive do ‘sangue’”, afirmou Aly Silva, acrescentando que a aposta nas notícias locais continua a ser pouco satisfatória.
Aly Silva considerou, ainda, que as publicações guineenses apresentam “erros de todos os tipos”, e que isso se deve, principalmente, “às instituições de ensino”.
“Os alunos não lêem sequer um livro por semestre, mas passam as 24 horas do dia nas redes sociais. Consequência: hoje, a língua francesa é possivelmente a mais falada na Guiné-Bissau, um país de língua portuguesa…”, afirmou.
Perante este cenário, Aly Silva admitiu que as perspectivas não são “animadoras”.
“ Em suma, é o jornalismo possível num país com uma democracia ‘musculada’ e em evidente decadência moral. E há o medo. Mas o [poeta] G. Bona (Gian Piero Bona) deixou escrito na pedra que ‘o primeiro grau do heroísmo é vencer o medo’”.
Leia o texto original em “Observatório da Imprensa”
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