Dia da Liberdade de Imprensa em tempos incertos e perigosos
“Nenhum dos grandes problemas da Humanidade poderá ser resolvido sem uma Informação livre, independente e fiável, quer dizer, sem um jornalismo de qualidade, quer se trate do aquecimento climático, da corrupção ou da igualdade entre as mulheres e os homens” - afirmou também Christophe Deloire, secretário-geral dos RSF, acrescentando:
“Trata-se de uma situação muito preocupante para os jornalistas, mas principalmente para o conjunto dos seres humanos, privados do seu direito à informação.”
Segundo a mais recente classificação mundial feita pelos Repórteres sem Fronteiras e divulgada a 18 de Abril, 74% da população mundial vive num país marcado a vermelho ou a negro no mapa, o que significa numa situação em que a liberdade de Imprensa é considerada difícil ou mesmo muito grave, dado o seu nível de repressão - como são os casos da China, da Rússia, da Arábia Saudita e mesmo de regimes democráticos como o México ou a Índia.
Acrescentando os países marcados a cor alaranjada, definidos como tendo uma situação problemática, como a Mauritânia ou a Hungria, a percentagem eleva-se até aos 91%.
Por coincidência trágica, este mesmo dia 3 de Maio é assinalado, no site dos RSF, com a notícia de mais um jornalista no México, o quarto neste país desde o princípio do ano. Telésforo Santiago Enríquez, além de jornalista, era professor de línguas indígenas e defensor dos povos autóctones. Criticava regularmente as autoridades por esta causa, na rádio El Cafetal, fundada por si, e foi morto a tiro numa emboscada, enquanto conduzia, numa estrada no estado de Oaxaca.
Segundo os dados do Committee to Protect Journalists, o número de jornalistas mortos desde o princípio de 2019 contava, em Abril, com cinco nomes - mas apenas um no México, o de Rafael Manríquez, em Janeiro.
“Precisamos de um jornalismo que seja livre, ao serviço da verdade, da justiça e da bondade; um jornalismo que ajude a construir uma cultura de encontro” - escreveu na sua mensagem o Papa Francisco, por meio de uma conta no Twitter, sob o hashtag #DefendMediaFreedom.
Em comunicado no seu site, a Asociación de la Prensa de Madrid recorda que, um ano depois do balanço preocupante feito em 2018 sobre as condições de uma informação livre, verdadeira e independente em Espanha, mantém-se a debilidade dos media, provocada pela crise económica e mudança do modelo de negócio, com todas as suas consequências.
“A ingerência dos governos nos meios públicos, ferindo a sua independência, continua a acontecer, com maior ou menor intensidade, em todos eles. A esta situação, já preocupante, acrescenta-se, durante o último ano, um aumento das agressões e insultos, ou de campanhas de assédio online, a jornalistas que informam sobre o terreno de conflitos sociais ou territoriais, como sucedeu por várias ocasiões na Catalunha.”
Notícia da agência Lusa dá conta de uma iniciativa inédita, organizada na Guiné-Bissau pelo Sindicato dos Jornalistas local: uma gala “para homenagear jornalistas e recolher fundos para assegurar apoio jurídico e assistência médica aos profissionais, que não recebem salários com regularidade”.
Segundo a presidente do referido Sindicato, Indira Correia Balde, “com esta gala queremos incentivar as boas práticas no jornalismo guineense e na sociedade, porque vamos distinguir personalidades, órgãos de comunicação social que ao longo dos tempos deram um bom exemplo de cumprimento da ética e deontologia no exercício da profissão”.
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