A investigadora na área dos media, e docente universitária Felisbela Lopes, recorda que “houve uma crise financeira global que se repercutiu na Imprensa, por causa da publicidade. Anda tudo à procura de formas de negócio; mas nós, em Portugal, ainda não descolámos a nível do digital”. 

Em declarações prévias aos debates, e que aqui citamos do Público, afirma: 

“Os mais novos estão pendurados em ecrãs, telemóveis, iPads. Os consumos dos jovens fazem-se através do digital. Eu não vejo os meus alunos a comprarem jornais em papel, e são de comunicação. É preciso uma aposta contínua, declarada e forte em conteúdos jornalísticos no digital.” (...) 

No painel intitulado “O jornalismo é um negócio? A independência é um mito?”, Helena Garrido, directora-adjunta da RTP, afirmou: 

“O jornalista não tem de entender os investidores. O jornalismo tem interesse público. O grande problema é transformar o valor social num valor económico e financeiro.” 

“O jornalismo em si não é e nem pode ser um negócio. Não deve ser o jornalista preocupado em reproduzir resultados. Não é prioridade. O médico não está a pensar se vai haver perdas. Tem de salvar as pessoas. O professor tem de ensinar, e o jornalista relatar os factos. O jornalista não tem de entender os investidores”  - sublinhou. (...) 

Por outro lado, para António Costa, director do Eco, o problema do jornalismo é receita e onde pode ir buscá-la: 

“É um problema de receita, sobretudo a curto prazo. Os leitores têm uma concorrência mais forte do que há cinco anos. Podem escolher o que gostam de ler. Os leitores têm mais possibilidade de encontrar melhor informação”  - disse, explicando que nos países onde há mais subscritores de plataformas digitais, como o Spotify e a Netflix, há mais assinaturas de jornais. (...) 

Como afirmou também Ricardo Costa, director-geral de Informação do Grupo Impresa, há uma questão que mudou tudo no jornalismo, que foi a revolução tecnológica: 

“O algoritmo do Facebook e do Google precisam de fake news para obterem mais likes. Funciona através de progressão geométrica básica, que trabalha em função dos nossos gostos e indiferente ao que é real”  - sublinhou ainda, demonstrando preocupação. 

Por seu lado, o ex-diretor do Expresso Pedro Santos Guerreiro afirmou que a tecnologia tornou obsoleto o modelo de negócio e não o jornalismo: 

“Nunca esquecemos aquilo que nos torna especiais, o compromisso. O nosso compromisso é com a sociedade, com o País”  - disse, recordando que o poder do jornalismo resulta sempre do leitor. (...) 

Por sua vez, Armando Esteves Pereira, director-geral editorial-adjunto da Cofina, considerou que houve “pirataria” por parte das plataformas digitais, originando a migração da publicidade dos jornais para a Internet. (...) 


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