Mas também podemos cair numa armadilha por qualquer coisa que pareça apenas um pouco verdadeira  – explicou.  “Este ano exige que façamos mais fact-checking do que no anterior.”

 

Chefe de redacção em The Guardian há dois anos, Katharine Viner apanhou em cheio, nessas funções, a campanha pelo referendo sobre o Brexit, tendo publicado, em Julho de 2016, um artigo intitulado “How technology disrupted the truth”, do qual falamos noutro local deste site. Foi sobre esse trabalho que desejaram interrogá-la e ouvi-la os participantes no Le Monde Festival, e as suas declarações podem ser escutadas em vídeo, no respectivo site, com tradução legendada em francês.

 

Em comentário ao mesmo artigo, Le Monde publicou na altura uma síntese que punha a questão do jornalismo actual nos seguintes termos: por muito que a Verdade, com um grande V, seja impossível de expor, para descrever um mundo complexo em frases simples, que seriam sempre tingidas de subjectividade, há pelo menos uma série de factos, demonstráveis por A+B, a partir das quais se pode estabelecer um debate contraditório. 

Mas, “para a chefe de redacção de The Guardian, a campanha do Brexit demonstrou que é cada vez menos o caso. Cada um tem a ‘sua’ verdade e a discussão torna-se automaticamente impossível”. 

Citando Katharine Viner:

“Quando um facto começa a parecer-se com aquilo que uma pessoa pensa que é verdadeiro, torna-se muito difícil para alguém estabelecer a diferença entre os factos que são verdadeiros e os ‘factos’ que não são.” (…)