David Dinis despede-se de Director do Observador antes de assumir a TSF
Nesse texto, David Dinis, que assumirá funções em finais de Fevereiro como Director de Informação da TSF, historia o projecto do Observador, desde a sua génese ao desenvolvimento posterior, descrevendo as várias etapas que foram, entretanto, percorridas, com as dificuldades inerentes a uma proposta inovadora.
“Lembro-me - escreve David Dinis – do nervosismo, dos sorrisos, da ansiedade. Deles e nosso. Naquele ido mês de Março, lançar um projecto de media era quase um acto de loucura e todos tínhamos ouvido o mesmo, até dos amigos a sério: não há espaço para vocês, o mercado está em crise, são juniores e inexperientes, a concorrência do ‘novo’ Expresso vai ser terrível”.
“Lembro-me – escreve ainda - muitas vezes da desconfiança com que olhavam para nós, “aquele jornal de extrema-direita”. E de termos fixado desde o dia zero, no gabinete do António Carrapatoso, com ele, o Rui Ramos e o José Manuel Fernandes, que a coluna de opinião seria liberal, mas livre. Mas sobretudo que a coluna das notícias era sagrada: factual, crítica, rigorosa, noticiosa” (…)”Hoje – perdoem-me a imodéstia -, só os de má-fé não o reconhecem”.
“O Observador – evoca David Dinis - rapidamente começou a ser citado. A ser seguido. A ser imitado. Uns fizeram newsletters, muitos refizeram os sites, criaram apps, passaram a fazer notificações de notícias. Houve, na concorrência, quem crescesse connosco – fazendo melhor, várias vezes melhor que nós (e não se pode fazer melhor elogio ao trabalho desta equipa do que este). E nós, desafiados, tentámos sempre superar. Mas o Observador foi sempre o Observador”(…) “A nossa regra foi sempre essa: nunca deixar de inovar, de tentar fazer melhor”.
Recorde-se que o Observador tem a redacção instalada na sede do antigo Diário Popular, um vespertino que desapareceu pouco depois do 25 de Abril, e que nos seus tempos áureos chegou a vender regularmente cerca de 100 mil exemplares.