“Daily Telegraph” quer impor aos jornalistas a ditadura dos “clicks”…
O jornal britânico “Daily Telegraph” quer implementar alterações no sistema de remuneração dos seus colaboradores, recompensando os jornalistas cujos artigos “online” têm o maior número de visualizações.
De acordo com um “e-mail” a que o “Guardian” teve acesso, o editor do jornal, Chris Evans, quer basear-se no sistema de “estrelas”, que classifica os artigos mais populares, seguindo critérios como número de “clicks”, ou número de leitores fidelizados através de uma determinada peça.
“Parece-me óbvio que aqueles que atraem e fidelizam mais leitores devem receber um ordenado mais robusto”, afirmou Evans naquele “e-mail”.
Contudo, segundo apurou o “Guardian”, muitos dos colaboradores do “Daily Telegraph” têm vindo a opôr-se a esta medida.
“Os executivos tentaram convencer-nos de que esta é uma medida experimental, sem grande importância”, disse um jornalista ao “Guardian”. “Eles contorceram-se com as nossas questões. Todos esperamos que isto seja apenas uma ideia que nunca venha a concretizar-se. Toda a gente está escandalizada. Todos se sentem comprometidos”.
“Diria que estamos a assistir a um motim”, disse outro colaborador do “Daily Telegraph”. “Os jornalistas que escrevem grandes histórias sobre política, a família real ou o coronavírus, vão receber grandes ordenados. Contudo, a maioria dos jornalistas está à mercê dos editores e não tem culpa de escrever sobre assuntos aborrecidos”.Além disso, alguns jornalistas do “Daily Telegraph” consideram que este sistema irá afectar a linha editorial do título, incentivando a redacção a produzir artigos sensacionalistas.
Março 21
Da mesma forma, a secretária-geral da União Nacional de Jornalistas (NUJ na sigla inglesa), Michelle Stanistreet, afirmou que esta proposta “mostra pouca consideração pela importância de um jornalismo plural e de qualidade" e que a sua implementação "desmoralizaria os jornalistas".
Por outro lado, Chris Evans argumentou, através das redes sociais, que o sistema “estrelas” é o oposto do modelo de “clickbait”, já que procura recompensar "aquilo que os leitores inteligentes querem consumir”.
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