O Trust Barometer 2018 da consultora Edelman não trata só dos media, mas estuda os níveis de confiança em quatro tipos de instituições: empresas, governos, meios de comunicação e organizações não-governamentais. Vale a pena consultar o documento original e ler as curvas da evolução recente em cada um destes territórios dos 28 países avaliados (Portugal não está incluído). 

James Ball, autor do livro Post-Truth: How Bullshit Conquered the World  -  “A Pós-Verdade: como as tretas conquistaram o mundo”, chama a atenção para o equívoco de uma leitura demasiado optimista deste estudo: 

“Ao insistirem no mau resultado das redes sociais, as empresas dos media tradicionais estão a combater uma guerra errada: só porque a confiança nos gigantes das redes sociais está em queda  - o que não é surpresa depois de um ano focado em fake news, propaganda russa e ‘bolhas de filtro’ -  isso não torna, automaticamente, as coisas melhores para o jornalismo tradicional.” (...) 

“Dos que responderam ao inquérito, 66% disseram que os media estão mais interessados em atrair grandes audiências do que em fazer reportagem; 65% disseram acreditar que eles sacrificam a exactidão para serem os primeiros a dar a notícia; e 59% disseram que os media dão prioridade ao apoio de uma ideologia, acima da informação do seu público.” (...) 

Ainda segundo este autor, o que é “mais alarmante” é que um terço da população do Reino Unido está simplesmente a desistir de ler notícias, e algumas destas pessoas encontram-se no sector demográfico que é mais apetecível aos anunciantes: 

“No Reino Unido, os mais inclinados a esta ‘rejeição’ eram profissionais educados, acima dos 40 anos, vivendo em Londres e com filhos. Os seus motivos principais para ‘desligarem’ eram que as notícias são ‘demasiado deprimentes’, ‘demasiado tendenciosas’ ou ‘controladas por agendas ocultas’.” (...) 

A concluir, James Ball afirma:

“O risco, neste momento, é que os meios noticiosos se deixem distrair pelo que é, basicamente, uma guerra a fingir com os gigantes das redes sociais, olhando para essa bulha como um jogo de resultado nulo. Na verdade, o que parece é que eles estão agora agarrados uns aos outros, e vão afundar-se ou salvar-se juntos. O jornalismo não vai ser salvo pelo facto de o público estar a gostar menos do Facebook. Vai ser preciso muito mais do que isso.”

 

Mais informação no artigo citado, em The Guardian, e na M&PO 2018 Edelman Trust Barometer em PDF