Controlar os abusos “online” sem ferir a liberdade de expressão

As dificuldades começam, desde logo, pela enorme quantidade de material que circula nas redes. Como explicou Sarah Roberts, da Universidade de Los Angeles, muitos problemas “podiam ter sido evitados se as plataformas tivessem crescido de modo mais responsável e transparente”. A moderação de conteúdos complicados “devia ter sido inserida nos seus produtos, em vez de ser tratada como uma questão a ver depois”.
Jack Dorsey, um dos criadores do Twitter, pronunciou-se recentemente (numa série de tweets) sobre o desejo da sua empresa de “melhorar a saúde colectiva, abertura e civilidade da conversação pública” que a plataforma opera, e de assumir as suas responsabilidades públicas neste sentido. O artigo que citamos conta que não é a primeira vez que o Twitter procura “controlar os conteúdos abusivos, e os esforços anteriores tiveram resultados diversos”.
Também Abhi Chaudhuri, da Google, declara o desejo de construir ferramentas para “conter o discurso de ódio e os conteúdos tóxicos”, mantendo a diversidade de opiniões e empatia entre as pessoas.
Mas as plataformas são apenas uma parte da equação. Os intervenientes convidados para esta conferência propuseram diversos caminhos para que tanto os utentes como os editores e os governos possam contribuir para melhorar a qualidade da conversação online.
Na Europa, vários governos estão a dar passos no sentido da regulação das plataformas - e a própria Comissão Europeia se pronunciou recentemente sobre esta matéria, como aqui referimos.
Mas a América, como disse com ironia Emily Bell, continua a funcionar na confiança de que “o mercado livre vai proteger uma pluralidade de vozes nos media e elevar o que é bom acima do que é mau”...
Por último, é preciso ver em que condições trabalham os referidos moderadores de conteúdos. Alguns estão instalados em escritórios em Silicon Valley, mas muitos outros em espaços de call center na Índia ou nas Filipinas:
“O seu trabalho tende a ser mal pago, de baixo estatuto e mentalmente exigente, enquanto os moderadores vêem o que há de pior na Internet. Como disse Anita Gupta, da revista The Atlantic, os operadores devem planear fluxos de material que tenham tudo isto em conta (para que as partes mais difíceis do trabalho sejam partilhadas) e providenciar recursos adequados de saúde mental para evitar o esgotamento.”
O artigo citado, na Columbia Journalism Review