Congresso de jornalismo discute “buraco negro” das redes sociais
“A reacção dos meios de comunicação tem sido a de produzir mais notícias, mais depressa ou, como disse a jornalista Marta Peirano, acima das nossas possibilidades. Metidos numa corrida para enfiar mais mensagens, mais curtas, nas cabeças de uma audiência sem tempo, com o twitt como medida, tanto da mensagem escrita como falada, e com cada vez menos meios, salários piores e mais precariedade.” (...)
“As ‘fábricas’ de trolls têm mais gente de serviço que as maiores redacções, e produzem fake news personalizadas, destinadas a ti mesmo, graças aos dados que extraem das próprias redes sociais.”
“Numa inundação, a primeira coisa que falta é a água potável. No mar de informação em que vivemos, faltam-nos notícias credíveis. O Presidente Trump já mentiu 7.200 vezes, mas mesmo assim 90% dos norte-americanos pensam que são os media que mentem sobre Trump.” (...)
Citando ainda o texto das Conclusões do Congresso: Soledad Gallego Díaz, directora de El País, falou da importância de ganharmos na frente da credibilidade e de darmos “informação poderosa, importante e credível”.
“Vinte anos depois, os media aprenderam que nem todas as informações têm o mesmo valor. Agora enfrentam a dupla tarefa de convencer o leitor de que essa notícia vale dinheiro e, mais importante do que isso, que é fiável.”
“Na verdade, não te importas que te mintam? - perguntava Ana Pastor à audiência. Mas, infelizmente, há quem queira acreditar em mentiras, e faz parte da natureza humana recusar de forma visceral tudo aquilo que contradiga as nossas crenças.” (...)
E o texto conclui:
“Foi-nos recordado neste Congresso, mais uma vez, que os jornalistas precisam de descer do seu púlpito e começar a conversar. Que precisam de ser independentes, mesmo no interior dos seus meios [de comunicação], precisam de se deixar surpreender pela verdade, porque é essa a essência do seu trabalho, e porque, no fim de contas, é a única coisa que podem vender.” (...)
Mais informação em Media-tics, que inclui o texto das Conclusões, e a notícia na APM – Asociación de la Prensa de Madrid