Conflito entre editores e bloqueadores de publicidade chega aos tribunais
Os advogados do grupo Axel Springer vinham travando uma dura batalha jurídica com a empresa alemã de software Eyeo, com o objectivo de conseguirem que o uso de bloqueadores de publicidade fosse declarado ilegal, mas sem sucesso, até esta decisão do Tribunal de Colónia.
Segundo o serviço noticioso do IDG – International Data Group, a empresa Eyeo declarou que o uso de ad-blocking continua legal na Alemanha, embora se tenha tornado menos lucrativo. A empresa declarou ainda que vai apelar da decisão para o Supremo Tribunal Federal.
Por seu lado, o grupo Axel Springer está disposto a prosseguir o combate no mesmo plano, se necessário:
“A decisão do Tribunal enviou um sinal claro aos ad-blockers” - afirmou o director do departamento jurídico do grupo, Claas-Hendrik Soehring. “Não aceitaremos interferências ilegais na nossa liberdade, garantida pela Constituição, de editarmos os nossos produtos de media, especialmente o ‘corte’ de anúncios da nossa oferta digital.”
Segundo Le Figaro, “os 10% de editores que pagam para integrar a ‘lista branca’ realizam mais de 10 milhões de impressões publicitárias por mês (número de exposições de faixas [publicitárias] aos leitores)”.
Mas a reportagem publicada pelo serviço do IDG, no PCWorld, explica que “o modelo de negócio da Eyeo tem irritado tanto as editoras como os utentes”:
“Enquanto o AdBlock Plus pode bloquear todos os anúncios, uma aplicação de preferências permite-lhe fazer uma ‘lista branca’ de anúncios ‘aceitáveis’ para serem apresentados pelo browser. A Eyeo encoraja os utentes a ligarem esta aplicação, de modo a apoiarem as editoras e promoverem o desenvolvimento de publicidade não-intrusiva. A Eyeo recebe dinheiro de algumas grandes empresas editoras para financiar este esforço de whitelisting, enquanto diz que ele é realizado de forma independente, na base de critérios objectivos.”
Este procedimento foi denunciado em termos fortes pelo CEO do New York Times, a propósito da possibilidade de lançar uma edição online sem anúncios, facto de que então démos conta no site do CPI. Disse Mark Thompson:
“Os ad-blockers apresentam-se frequentemente como uma resposta às experiências desagradáveis da publicidade digital. Mas a Eyeo não foi fundada por cidadãos conscientes. Foi fundada por um veterano do anúncio digital e representa a ponta mais cínica e mais sugadora de dinheiro do velho e ainda não regulado negócio do anúncio digital.”
No outro extremo deste conflito, Alexander Hanff, CEO da empresa de advocacia e consultoria sobre privacidade, Think Privacy, com sede em Londres, bate-se contra as tácticas de editoras que usam meios de detectar os seus leitores que estão a usar bloqueadores de publicidade.
Segundo uma reportagem publicada no NiemanLab, “a inquietação em torno do ad-blocking é especialmente aguda em países europeus como a Alemanha e a Polónia, onde a sua incidência chega aos 38%”:
“Pelo seu lado, Hanff diz que compreende os conflitos das editoras com o ad-blocking, mas argumenta que (...) o problema é que o ad-blocking está a ser visto como uma doença, quando na verdade é o sintoma de uma autêntica: a publicidade nas suas páginas.”
A concluir, Alexander Hanff declara que o seu objectivo não é processar as editoras, ou fazer dinheiro com tudo isto. Mas também ele admite ir aos tribunais, para defender esta posição:
“Espero não ter de chegar ao ponto de levar ninguém a tribunal. Mas, se necessário, vou conduzir este assunto tão longe quanto possa.”
Mais informção em Le Figaro (de onde colhemos a imagem), PC World e NiemanLab: