Comprova é o mais recente projecto organizado por First Draft (do Shorenstein Center, em Harvard), e conta, na sua direcção, com a presença de Daniel Bramatti, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). 

“De cada vez que tentamos dizer  - ‘Isto não é verdade’ -  temos uma quantidade de inimigos”  -  afirma Claire Wardle, directora de First Draft. “Vemos que uma grande parte da nossa sociedade não aceita o fact-checking, ou verificação, porque [as pessoas] estão inclinadas a acreditar nas notícias que confirmam a sua visão do mundo”  - acrescenta Daniel Bramatti. 

“Para denunciar desinformação que está a tornar-se ‘viral’, Alessandra Monnerat explica que faz a análise da conversação por meio do Spike, CrowdTangle e Torabit, e previne o grupo quando encontra relatos ‘problemáticos’. Dois ou três repórteres de diferentes redacções juntam-se para desmentir o boato fazendo verificação cruzada perante um bloco de perguntas pré-estabelecido. Uma vez concluída a verificação, é examinada por, pelo menos, dois dos parceiros, antes de ser colocada online e divulgada pelos 24 meios de comunicação e as suas contas.” (...) 

Mas o facto de WhatsApp ser uma plataforma encriptada torna o trabalho mais difícil aos sites de verificação de factos.

“O WhatsApp é incontrolável, e o o volume dos grupos é tão elevado que o Comprova só consegue combater o que é relevante”  - diz Pablo Ortellado, docente na Universidade de São Paulo. Acrescenta que, a não ser que a confiança nos media seja recuperada, e a polarização política resolvida, “é impossível resolver os problemas relacionados com as fake news e os boatos”. 

“Sabemos que o nosso papel é limitado” – diz Bramatti. “Estamos a combater um monstro e não temos todas as armas para o matar.” (...)

 

Mais informação na Columbia Journalism Review, e em Poynter.org, cuja imagem aqui incluimos.