Como o jornalismo pode ser afectado pelas mudanças no Facebook
“Vamos proceder a uma mudança de fundo no modo como edificamos o Facebook.” Esta frase, publicada por Mark Zuckerberg a 19 de Janeiro de 2018, na sua página do Facebook, voltou a desencadear pânico entre os media. Mas não era a primeira vez que o plano de dar prioridade, no fluxo noticioso da plataforma, aos “amigos” dos utentes, em detrimento do jornalismo convencional, era anunciado. Este projecto vem, pelo menos, desde o Verão de 2016, e o seu desenvolvimento pode ser verificado em textos que reproduzimos no site do CPI.
De qualquer modo, a nova alteração feita ao algoritmo que governa estas prioridades “é um rude golpe para os meios de comunicação”. Para Zuckerberg, trata-se de devolver o Facebook à sua missão original de contribuir para “nos relacionarmos uns com os outros”. Mas os media, “atingidos pela quebra das vendas dos jornais e revistas nos quiosques, tinham encontrado nos dois mil milhões de utentes do Facebook um viveiro de leitores potenciais, com o objectivo de os atrair aos seus próprios sites e de obter receita desta audiência pela publicidade ou pelas assinaturas”.
Setembro 18
Como se interroga o artigo de Le Monde que aqui citamos, “passados quase nove meses depois desta redistribuição das cartas, será justificado o alvoroço dos editores da Imprensa?”
As conclusões de um trabalho muito recente do Instituto Reuters (Digital News Project, sobre o jornalismo privado, a distribuição pelas redes sociais e a mudança do algoritmo) vão neste sentido. Os investigadores estudaram o tráfego do Facebook em doze meios de comunicação de seis países europeus (Portugal não é mencionado) e concluíram que “a audiência gerada pela rede social baixou em média 9% no decurso dos três meses que se seguiram à mudança no algoritmo” - embora o seu impacto continue a ficar “longe dos cenários apocalípticos” temidos.
No caso de Le Monde, no entanto, a queda da página Facebook foi de 30%; a do grande diário finlandês Helsingin Sanomat foi de apenas 11%. E, de modo surpreendente, os conteúdos do site italiano TGCOM24 e do britânico The Times ganharam, respectivamente, mais 10% e 14% de interacções pelo Facebook.
Segundo Le Monde, “os investigadores do Instituto Reuters têm ainda dificuldade em explicar estas disparidades”.
“Para reduzirem a sua dependência da maior rede social, a maioria dos media interrogados pelo Reuters investiram noutras plataformas, como Instagram, Twitter ou Snapchat, mas o Facebook continua, de longe, a ser o maior fornecedor de leitores.” (...)
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