As redes sociais funcionam como “mercados maciços onde ideias e notícias competem pela nossa atenção”. Estudos anteriores já demonstraram que a qualidade não é uma condição necessária para a “viralidade” online, e que o conhecimento que nos chega por escolha dos nossos pares “pode deturpar a relação entre a qualidade e a popularidade”. Mas isto não chega para explicar a “desinformação digital que ameaça a nossa democracia”. 

No meio das redes sociais, mesmo “agentes individuais que preferem uma informação de qualidade têm limitações de comportamento no controlo de um pesado fluxo de informação”. Tanto esta “sobrecarga de informação como os limites da atenção contribuem para uma degradação da capacidade de discriminação do mercado”. É nestes termos que se exprime a síntese de apresentação (Abstract) do referido estudo. 

Segundo explica o Público, que falou com Diego Fregolente Mendes de Oliveira, um dos principais autores do trabalho, “os investigadores analisaram o comportamento de um milhão de utilizadores de redes sociais e dois milhões de memes (uma informação, imagem ou vídeo que se espalha via Internet)”. (...)  

“Para constatar a sobrecarga de informação a que somos sujeitos e a nossa capacidade limitada de atenção, os autores desenvolveram um modelo de difusão de memes com dados reais de algumas redes sociais, como o Facebook, o Tumblr ou o Twitter”. (...) 

Segundo a notícia do Público, que aqui citamos, “no modelo teórico desenvolvido pelos investigadores existe a possibilidade de assegurar uma boa relação entre diversidade e qualidade. No entanto, os autores do estudo acabam por concluir que, na prática, este modelo acaba por não funcionar nas redes sociais por causa da grande quantidade de informação a que somos expostos”.

“Mesmo que sejamos capazes de reconhecer tipos de informações confiáveis nas nossas redes sociais, elas raramente prevalecem”  - defende Diego Oliveira. 

Usamos geralmente as redes sociais para manter contacto com amigos e familiares, “mas os problemas começam a aparecer quando começamos a usar as mesmas redes para aceder a notícias”. 

“Devemos ter em mente que os nossos amigos provavelmente não são bons editores e são mais impulsionados por emoções do que objectividade e confiabilidade”  -  afirma ainda Diego Oliveira.

 

Mais informação na reportagem do Público e o Abstract do estudo citado