O essencial do seu trabalho refere-se à importância da preservação de dados e começa precisamente por uma expressão hoje corrente na profissão  -  “jornalismo de dados”. Como diz o autor, para a grande maioria de nós, “quando alguém menciona a palavra dados, a associação imediata é com estatísticas, gráficos e tabelas”.

 

O problema é que, e citando a pesquisa de uma bolsista da Fundação Knight, Sandhya Kambhampati, sendo embora as redacções jornalísticas verdadeiras minas de dados, “quase metade deles simplesmente vai para o lixo”.

 

E isto sucede, em parte, porque, apesar de as novas tecnologias permitirem armazenamento mais rápido e em maior quantidade, “os hábitos antigos estão arraigados em valores e em atitudes culturais que resistem à mudança.”

 

“As redações deixaram se ser, prioritariamente, linhas de montagem de notícias e reportagens, para se transformarem em centros produtores de conteúdos jornalísticos baseados na recombinação de dados e informações.  (…) A cultura da exclusividade e do furo jornalístico ainda existe e é a razão pela qual muitos profissionais ainda resistem ao uso dos processos de compartilhamento de conhecimentos.”

 

Afirma, noutro ponto, Carlos Castilho:

“A inovação colocou em evidência dois problemas: como transmitir o conhecimento acumulado por um profissional para outro; e como evitar o desperdício de dados e informações recolhidos por repórteres durante a realização de uma reportagem. São duas questões chaves na nova realidade dos jornais na era digital, porque interferem directamente no funcionamento das equipas de trabalho e na economia de um veículo jornalístico.” 

O seu apelo final é aos jornalistas individuais, para que tenham também em conta a possibilidade de tirar partido das novas ferramentas de arquivo:

“Jornalistas independentes dispõem hoje de ferramentas digitais que permitem a criação de bancos individuais de dados especializados em temas que não se enquadram na agenda generalista das empresas de comunicação. A criação de um banco individual de dados leva algum tempo, exige muita disciplina e uma análise constante dos factos e números indexados, mas a partir da formação de uma massa crítica mínima, pode se transformar numa fonte de renda promissora.”

 

O artigo original, no Observatório da Imprensa