Combater as “fake news” é fundamental para a democracia

O tema das chamadas fake news preocupa o mundo jornalístico. Segundo o autor que citamos, nunca foi tão importante fazer esta verificação:
“Aliás, o jornalismo faz-se com ‘checagem’ das fontes, conversas ‘olho no olho’, muitas vezes demoradas, com a confirmação de dados apresentados pela fonte. É simplesmente uma obrigação. Em um mundo cada vez mais veloz em que a Internet exige que a notícia seja publicada ‘imediatamente’, segundos ou minutos após a produção (antigamente era um dia depois, nos casos dos jornais impressos), a prática de esmiuçar, ‘destroçar’ algo que a fonte passou para ser publicado passa despercebida. Uma grande falha pode custar caro.” (…)
Portanto, se algo que se publica é falso, “pode ser tudo (qualquer nome que se queira dar ao fenómeno), menos notícia”. (…)
O autor que citamos acrescenta:
“Combater as fake news é fundamental para o bem da democracia, do direito de ‘clarear a cena dos factos’ para que o cidadão possa tirar suas conclusões. É bem verdade que há uma discussão longa sobre imparcialidade (que pode não ser neutralidade) — mas que deixaremos para uma próxima discussão.”
Mas prossegue advertindo que é preciso “redobrar cuidados para ‘que a dose do remédio não seja tão forte que deixe o paciente ainda mais debilitado do que já está’, havendo uma linha ténue entre o desejo do combate e a possibilidade de um controlo de conteúdos que pode aproximar-se de censura, em alguns casos”.
Edgar Leite menciona “projectos de lei na Câmara dos Deputados que, se não forem bem avaliados, podem, de alguma maneira, prejudicar, no futuro, a liberdade de expressão”. (…)
E deixa, na forma de perguntas, as questões de fundo:
“É importante saber: o que é notícia falsa? Mais importante ainda: quem vai dizer se a notícia é falsa? Vamos transformar o cidadão em juiz ou julgador? Ou vamos atribuir a entidades privadas ou públicas essa responsabilidade? Ou aos órgãos de comunicação?”
“Quem julga está livre de interesses futuros? Quem julga está isento de motivações económicas e políticas?” (...)
O seu conselho final ao leitor é que seja também “investigador”, que “duvide dos exageros, do sensacionalismo” e procure identificar as fontes primárias da alegada notícia, em sites noticiosos reconhecidos.
O artigo citado, na íntegra, no Observatório da Imprensa