Além de diagnosticar e apresentar as causas para o fenómeno da produção e disseminação de conteúdo digital enganador e fraudulento, o relatório traz 34 recomendações direccionadas a empresas de tecnologia, governos (inclusive ministérios da Educação), veículos de Imprensa, sociedade civil e fontes de financiamento. Este trabalho é apresentado no Observatório da Imprensa do Brasil, com o qual mantemos um acordo de parceria. 

Claire Wardle esteve recentemente no Brasil, no Rio e em São Paulo, onde falou sobre desinformação. As suas opiniões foram “expressas sob a regra de Chatam House, que permite a reprodução do conteúdo com o consentimento da fonte. Abaixo, algumas ideias de Wardle, editadas e publicadas com a sua devida autorização”: 

“Quando falamos de desinformação, estamos nos referindo a conteúdos de natureza muito diversa  — desde sátiras e paródias noticiosas [feitas para ridicularizar os poderosos, mas que podem enganar quem as consome], até algo totalmente fabricado, como o que o Papa Francisco teria declarado apoio ao então candidato Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.”

“O que mais me perturba é que em todo o mundo os políticos passaram a usar isso que chamo de ‘n… f…’ como uma arma contra a Imprensa e também como uma desculpa para combater a liberdade de expressão.” (...) 

“No início do ano, Wardle publicou o gráfico [cuja imagem vem a seguir à do relatório Information Disorder] para resumir e explicar os sete tipos diferentes de conteúdos noticiosos enganadores. Além de detectar o tipo de manipulação da informação, o diagrama também revela a intenção de quem produz cada tipo de desinformação.” 

“Mesmo se as escolas começassem hoje a ensinar as crianças sobre desinformação, o resultado só apareceria daqui a 20 anos. Ainda assim, esta é uma tarefa urgente. Além de informá-las sobre as formas como a informação pode ser manipulada, a educação mediática precisa de discutir o conceito do viés de confirmação [a tendência humana de se lembrar, interpretar ou pesquisar por informações que confirmem crenças ou hipóteses iniciais]. Compreender o viés de confirmação permitirá às crianças aprender a questionar sobretudo os conteúdos que estimulem respostas emocionais.” (...) 

“As pessoas precisam de aprender que a desinformação é um fenómeno social que pode ser comparado à poluição. E combatê-lo é como varrer as ruas.” (...)

 

Mais informação no artigo do Observatório da Imprensa,  e o relatório Information Disorder, cuja imagem de capa aqui reproduzimos