“Coletes balísticos emocionais” no futuro do jornalismo…
As redacções britânicas estão a reforçar os recursos de apoio emocional e psicológico, já que, na era das redes sociais, o assédio aos jornalistas tem vindo a aumentar, alertou o “site” “Press Gazette”.
Alguns jornalistas propõem, mesmo, a criação de “coletes balísticos emocionais”, o que consistiria na promoção de “workshops” sobre traumas psicológicos e em aconselhamento profissional.
Em declarações à “Press Gazette”, a jornalista Pamposh Raina reiterou, neste sentido, que as redacções deveriam investir em literacia emocional.
“O mais importante é normalizarmos estas conversas no interior e no exterior das redacções”, disse Raina. “Se começarmos a fazer isto, mesmo que em segredo, fará uma grande diferença”.
Estas medidas já começaram a ser implementadas em algumas organizações noticiosas, como é o caso da BBC.
“As equipas que trabalham com material gráfico ou recebem ameaças podem ser direccionadas para um especialista, que lhes forneça métodos e conselhos sobre como lidar com estas situações”, referiu a BBC em comunicado. “Se os jornalistas receberem ameaças sérias nós obtemos apoio concreto e, claro, se considerarmos necessário, alertamos as autoridades”.
Um porta-voz da BBC garantiu, ainda, que os colaboradores têm acesso permanente a serviços de apoio psicológico.
“ O bem-estar e a saúde mental dos nossos colaboradores são elementos essenciais e nós temos uma larga variedade de medidas a serem implementadas para os apoiar”.
Abril 21
Já o jornalista da BBC, Shayan Sardarizadeh, afirmou que este apoio é cada vez mais importante, já que as ameaças se tornaram uma constante na vida dos profissionais dos “media”.
“Estou sempre a ouvir testemunhos de jornalistas que deixaram a profissão porque já não conseguiam lidar com os abusos”, afirmou.
Sardarizadeh acredita, da mesma forma, que este tipo de panorama poderá afastar alguns jovens estudantes da profissão.
“Recebo mensagens de várias pessoas, de estudantes de jornalismo, que me perguntam ‘é assim tão mau’?. ‘É assim tão horrível?. Isto torna-se preocupante porque a nossa profissão precisa de novos talentos”.
Assim, o futuro do jornalismo britânico poderá depender do investimento em mais e melhores recursos, que ajudem os profissionais a enfrentar assédio e ameaças, à semelhança do que acontece nas formações de jornalismo de guerra.
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