Cobertura da invasão da Ucrânia limita noticiário nacional no Brasil
Os “media” internacionais têm acompanhado, de perto, o conflito russo-ucraniano, informando as audiências sobre os desenvolvimentos bélicos e políticos, sobre a crise de refugiados, e sobre os níveis de destruição.
Contudo, apontou Carlos Castilho num artigo do “Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria, a imprensa brasileira está a omitir as consequências da guerra para o resto do mundo.
Isto porque, afirmou Castilho, os formatos noticiosos brasileiros estão a deixar para segundo plano a necessidade de um debate nacional sobre as estratégias económicas e políticas para enfrentar a subida dos preços dos combustíveis e dos víveres.
Assim, Castilho considera indispensável mudar o foco da cobertura da guerra na Ucrânia e dedicar maior atenção às consequências internas do conflito. Até porque, continuou Castilho, a escalada dos preços é um “problema inadiável e complexo”, que exige uma “ampla participação popular na busca de soluções”.
E, para conquistar a desejada participação popular, os jornalistas terão que desenvolver um noticiário focado nas pessoas comuns, que consiga impulsionar a criação de fluxos diversificados de experiências, atitudes, projectos e inovações.
Contudo, alerta o autor, este processo vai exigir que os jornalistas adoptem uma conduta diferenciada, distanciando-se das rotinas que têm vindo a adoptar na cobertura noticiosa de outras guerras.
Março 22
Até agora, afirmou Castilho, “a imprensa tem sido, essencialmente, um fórum em que empresários, políticos e governantes defendem os seus interesses”.
Neste momento, continuou o autor, “cabe ao jornalismo reduzir a prioridade dada à guerra e motivar as pessoas a discutirem, proporem e testarem soluções, que possam reduzir o previsível agravamento do empobrecimento generalizado da população”.
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