China seduz “media” para celebrar acordos de propaganda
A China tem vindo a preparar a sua própria narrativa sobre a pandemia de covid-19, ao estabelecer acordos com diferentes países, revelou um relatório da International Federation of Journalists.
De acordo com o estudo da FIJ, desde o Outono de 2019 que jornalistas de países como Guiné-Bissau têm sido convidados a colaborar com a China. Por volta desta altura, o governo de Pequim começou, igualmente, a distribuir versões do seu jornal de propaganda “China Daily”, em inglês e em sérvio.
O estudo cita, neste sentido, um jornalista filipino, que acredita que mais de metade das notícias publicadas no seu país foram redigidas pela agência noticiosa chinesa Xinhua.
Além disso, na África do Sul, um grupo de “media” despediu um colunista, após ter recebido financiamento chinês.
Perante este cenário, o FIJ acredita que a China está a criar um cenário alternativo, diferente daquele que tem sido espelhado por empresas noticiosas ocidentais, como a BBC ou a CNN.
O estudo aponta, da mesma forma, que o investimento em “media” de outros países foi acompanhado de medidas diplomáticas, como a oferta de equipamento de protecção e vacinas contra a covid-19.
Alguns jornalistas italianos dizem ter sido pressionados a emitir o discurso de Natal de Xi Jinping, enquanto na Tunísia, a embaixada chinesa ofereceu desinfectante de mãos e máscaras cirúrgicas.
Ademais, o relatório dá conta de “tablóide” sérvio, que patrocinou um cartaz com a mensagem “Obrigada, irmão Xi”.
Já no Peru, a jornalista Zuliana Lainez afirmou que a maioria dos jornais parecem “estenógrafos da embaixada chinesa”, que financiou, recentemente, a modernização tecnológica de algumas redacções.
Maio 21
Este tipo de acordo define, por outro lado, que os países apoiados por Pequim devem dar algo em troca, como o abono de questões importantes para a China na Organização das Nações Unidas.
De salientar, por outro lado, que a China tem cortado relações com alguns países, como os EUA e o Reino Unido.
Ainda assim, nem todos os jornalistas consideram que estas medidas têm consequências negativas para o sector dos “media” e para a liberdade de imprensa.
A título de exemplo, Stefano Polli, director da agência ANSA, acredita que os acordos estabelecidos com a China tratam, simplesmente, de questões comerciais. Além disso, Polli ressalvou que a “China não é o único país onde os ‘media’ são controlados pelo governo”.
O FIJ irá, agora, publicar um segundo relatório, de forma a apurar os planos da China, perante a sua recém-adquirida influência mediática internacional.
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