Centenário do Museu Bordalo Pinheiro junta o caricaturista com Paula Rego
O Museu Bordalo Pinheiro é o mais antigo, em Portugal, dedicado à obra de um único artista, e 18 de Maio é o Dia Internacional dos Museus. Em declarações à Agência Lusa, o coordenador do Museu, João Alpoim Botelho, sublinha a importância desta actualidade de cem anos, da obra de um artista feliz, criativo, amigo de conviver e perspicaz na construção da famosa figura do Zé Povinho, cuja imagem apareceu pela primeira vez a 12 de Junho de 1875, n’ A Lanterna Mágica.
Para João Alpoim Botelho, aquele primeiro desenho do Zé Povinho personificaria uma certa maneira de ser portuguesa: "Uma certa passividade, mas até falsa, porque os manguitos revelam os gestos de revolta em relação às injustiças".
Apesar de ter vivido durante a monarquia, Bordalo Pinheiro "era republicano, e a sua actividade política muito crítica da monarquia, sendo uma figura bastante importante para perceber como a monarquia foi caindo, e como se foi construindo a ideia de uma República que viria salvar o País" - acrescentou.
O Museu Bordalo Pinheiro foi inaugurado em 1916, por iniciativa particular do poeta e panfletário republicano Ernesto Cruz Magalhães que, por ser um grande apaixonado da obra do artista, resolveu criar na sua moradia, no Campo Grande, três salas dedicadas unicamente a expor a sua colecção. O museu "ficou com um espólio muito importante de Bordalo Pinheiro, de carácter pessoal e de enorme riqueza sobre a vida e obra", reunindo correspondência, objectos pessoais, muitos desenhos originais, algumas pinturas, obra gráfica - 3.500 exemplares de gravura e 3.000 originais - e 1.200 peças de cerâmica.
O fundador acabou por legar o Museu Bordalo Pinheiro à Câmara Municipal de Lisboa, tendo passado por alguns períodos de obras de remodelação e ampliação, e sido alvo de incorporações por aquisições e de doações de peças, até então na posse de familiares e de coleccionadores particulares.
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