Visavam distinguir primeiro a reportagem – Imprensa, rádio e televisão -, ou a fotorreportagem. Mas não abdicavam de escolher, igualmente, os melhores entre os mais jovens – as revelações -, incluindo estudantes de ciências de Comunicação e de jornalismo, ou os recém-chegados ao jornalismo económico, uma especialidade que estava a despontar. 

Foram numerosos os jornalistas premiados, constituindo um precioso incentivo nas suas carreiras profissionais. A crise apossou-se, entretanto,  das redacções, muito antes de ser declarada a pandemia nos primeiros meses deste ano.

O associativismo marcou passo, o perfil das redacções mudou radicalmente, a boémia tradicional extinguiu-se e deu lugar a uma relação cada vez mais estreita e dependente com a Internet e as redes sociais. 

O jornalismo praticado hoje, e não apenas em Portugal, tem menos contacto com a realidade circundante, sai pouco para ver e testemunhar o que se passa fora do perímetro do jornal, e absorve, muitas vezes,   acriticamente, o que é debitado em blogues, ou nas plataformas virtuais na moda. 

A paisagem mediática mudou muito nestes 40 anos.  A Imprensa entrou em declínio, com vários títulos a desaparecer, e os que restam sobrevivem com não poucas dificuldades. Mesmo jornais com história correm riscos sérios, se não encontrarem alternativas que captem mais leitores e os fidelizem. 

Mais lentamente, tanto a rádio como a televisão, estão a conhecer um fenómeno de crescente erosão. As audiências ressentem-se e a transferência de espectadores e ouvintes para outros meios não para de aumentar.  As versões digitais não compensam o que se perde em papel ou nos suportes de transmissão hertziana.  

No audiovisual, o advento do satélite e do cabo, este servido pela fibra óptica, tornou quase obsoletos os emissores convencionais, destruindo, a pouco e pouco, o conceito de “grelha” de programas, substituindo-a pela televisão e rádio “a la carte”. Cada um elabora o seu “menú”.

Perante tantas e  tão profundas mudanças, naturalmente  que o Clube também precisou de adaptar-se, criando novas formas de chegar aos associados e, em geral, a todos os interessados  que se habituaram a estar connosco, presencialmente, em iniciativas como  os ciclos de jantares-debate, feitos em parceria com o Centro Nacional de Cultura e o Grémio Literário,  ou à distância, através deste “site”.

Nos anos 80, quando o Clube deu os primeiros passos e cresceu, houve uma espantosa aceleração das comunicações e do modo   de comunicar. Foi uma fase que constituiu um poderoso desafio, embora nem sempre virtuoso.   

A par do progresso tecnológico, agravou-se a “crónica negra” dos jornalistas perseguidos, presos e assassinados pelo mundo fora, sem que os poderes instalados dessem mostras de querer travar essa escalada. 

Os atentados à liberdade de Imprensa ganharam novos adeptos, mesmo na Europa e no continente americano, e as mordaças, a vários pretextos, concorrem já, em alguns casos, com a imposição das máscaras sanitárias... 

Não faltam mesmo os teorizadores que advogam, com desenvoltura, restrições à liberdade de Imprensa, em nome do serviço público. Vivem-se tempos complexos.  

Sobram, por isso, as razões para o Clube não baixar os braços. Em homenagem à memória de fundadores que partiram, e por sentirmos que quem nos elegeu, como associado ou frequentador regular deste site, se sente assim mais acompanhado. Falta-nos ainda escrever o futuro. 
 
****