“Quem vai dizer ao imperador Erdogan que vai nu, quando os caricaturistas turcos não podem? Um deles, o nosso amigo Musa Kart, está agora na cadeia. Caricaturistas da Venezuela, da Nicarágua e da Rússia, foram forçados ao exílio.”

“Nos últimos anos, alguns dos melhores nos Estados Unidos, como Nick Anderson e Rob Rogers, perderam o emprego porque os editores acharam que os seus trabalhos eram demasiado críticos de Trump. Talvez devamos começar a ficar preocupados. E a resistir. Os cartoons políticos nasceram com a democracia. E estão sob ameaça quando a liberdade [também] está.”

São estas algumas das suas frases de despedida, num texto que, como escreve Le Monde, foi “um petardo que se tornou uma bomba”.

Patrick Chappatte é um cidadão suíço (filho de pai suíço e mãe libanesa) com toda uma experiência de vida cosmopolita, “um dos raros a publicar em três línguas  - francês, inglês e alemão”, em Le Temps, Der Spiegel, Le Canard Enchaîné e, até há pouco, The New York Times; falta acrescentar o diário suíço de língua alemã Neue Zürcher Zeitung

Esteve com a mulher, Anne-Frédérique Widmann (jornalista da Radio Télévision Suisse), na América do Sul, antes de se instalarem nos Estados Unidos, onde começou pela revista Newsweek e pelo International Herald Tribune. A partir do início do milénio, trabalhava como colaborador regular em The New York Times.

“Depois de vinte anos de uma colaboração bissemanal, eu pensava que a utilidade da caricatura política na Imprensa já não precisava de ser demonstrada”  - afirma, lembrando de passagem que foi distinguido por três vezes com o prémio Overseas Press Club of America, que nunca tinha sido atribuído a um estrangeiro. 

Como conta Le Monde, “para grande surpresa do autor, o seu texto desencadeou reacções maciças e emotivas, com ameaças de corte de assinatura”. 

“Simbolicamente, esta decisão do NYT é um passo enorme”  - comenta com tristeza Patrick Chappatte: 

“Claro que é mais simples sem os desenhos. Francamente, a liberdade é complicada, pode tornar-se um embaraço [salissant, no original], um pouco incontrolável.”  (...) 

 

O texto aqui citado, na íntegra, em Le Monde, e a mensagem de despedida de Patrick Chappatte. Mais informação no nosso site.