“Cartoon” e banda desenhada ao serviço da reportagem
A edição de jornalismo com ilustração “tem uma longa história, com um claro acento político”.
A autora cita o jornalista e “cartoonista” americano Joe Sacco, nascido na ilha de Malta, conhecido pelos seus livros que documentam as relações israelo-palestinianas e a guerra da Bósnia, considerado por muitos o fundador deste género. Mas antes dele já havia banda desenhada de intervenção social, a ilustração manga de não-ficção e o cartoon político.
Victoria Lomasko, mencionada neste texto, encontra o seu precedente nos “álbuns criados por soldados russos, prisioneiros dos campos de concentração e pessoas que sofreram o cerco nazi de Leninegrado”.
Assim, a jornalista e ilustradora Rawand Issa, do Líbano, usa o seu estilo ousado para descrever julgamentos, violência policial e hipocrisia política. No Outono de 2015, ela assistiu às manifestações anti-governamentais na baixa de Beitute, em que foram presas cerca de 50 pessoas.
O belga Jeroen Janssen volta repetidamente a uma cidade destinada a ser demolida para descrever os seus últimos residentes e os seus muitos edifícios incendiados. O alemão Olivier Kugler elabora retratos dos refugiados sírios que entrevista na Inglaterra.
Jesús Cossio, do Peru, conta, em grupo com outros artistas, a história complicada de uma mina de ouro e dos seus efeitos ambientais e sociais sobre os habitantes da região. A sua participação aparece em La Guerra por el Agua, um trabalho multimédia sobre os conflitos ambientais em torno da mina de Tia Maria, já referida neste site. (...)
Partindo do ponto em que acaba a tradição soviética do realismo socialista, Victoria Lomasko desenvolve uma visão da Rússia ao nível das ruas, que não é olhada pelos media.
Jeroen Janssen considera-se um “jornalista lento”, porque o seu método implica uma relação de longo prazo com as pessoas que são o seu tema. O extracto presente neste artigo é do trabalho “Ainda vivem aqui pessoas: sinais de vida em Doel”, que publicou em holandês em 2018 e que descreve uma pequena cidade que resiste à demolição requerida para expandir o porto vizinho.
Em “Outras Rússias”, Victoria Lomasko descreve “os medos e esperanças do povo russo”. Como diz uma mulher: “As pessoas, no sítio onde eu trabalho, foram obrigadas a votar em Putin.” Ou, como aparece num cartaz: “É importante acreditar num futuro feliz.”
O artigo aqui citado, na íntegra na Columbia Journalism Review.