Carta aberta de 38 Prémios Nobel em defesa da liberdade de expressão na Turquia
“O espaço de debate democrático na Turquia foi reduzido de modo inquietante pela constante perseguição judiciária de que são vítimas largas porções da sociedade - entre elas jornalistas, deputados, académicos e cidadãos comuns - e de uma acção governativa que restringe o pluralismo e conduz à autocensura.” (...)
“As autoridades devem mudar rapidamente de sentido, restaurando a legislação e o procedimento penal, reconsolidar a independência da justiça e reafirmar o seu empenho em proteger a liberdade de expressão.”
O documento que citamos abre com estas expressões do Memorando sobre a Liberdade de Expressão na Turquia, redigido no ano findo por Nils Muiznieks, Comissário para os Direitos do Homem no Conselho da Europa.
O texto lembra ainda ao Presidente Erdogan:
“Em Abril de 1998, também o senhor foi demitido das suas funções de Presidente da Câmara de Istambul, expulso de cargos políticos e condenado a dez meses de prisão por ter recitado um poema durante um discurso público, em Dezembro de 1997, na base do Artigo 312 do Código Penal. Era injusto, ilegal e cruel. Muitas organizações dos Direitos do Homem - que nessa altura o defenderam - sentem-se consternadas pelas violações actualmente em curso no seu país.” (...)
“Durante uma cerimónia em honra de Çetin Altan, a 2 de Fevereiro de 2009, o senhor declarou publicamente que ‘a Turquia já não é a mesma velha Turquia que sentenciava os seus grandes escritores à prisão - esse tempo foi-se de vez.’ Entre a audiência encontravam-se os dois filhos de Çetin Altan, Ahmet e Mehmet. Nove anos depois, eles estão condenados a prisão perpétua; não é esta uma contradição clamorosa?”
Mais informação em Le Monde, L’Obs e em The Guardian, que inclui a lista completa das 38 personalidades signatárias do apelo.