Como conta a autora, a imagem original é de Jesco Denzel (fotógrafo oficial do governo alemão) e foi publicada na conta de Twitter da chanceler alemã, Angela Merkel. 

“A fotografia chegou a ser descrita pelo jornal The Washington Post como estratégica, visando ‘uma grande jogada’ da equipe de comunicação de Angela Merkel em busca dos famosos memes o que não demorou a acontecer.”   

“Após ser amplamente divulgada, a imagem ‘viralizou’ nas redes sociais e chegou a ser interpretada como uma pintura renascentista.” Mas, como comenta Dalla Costa, para além da sua “plasticidade estética e da mensagem que denota”, e “fruto da dependência dos [media] nacionais por conteúdos despachados pelas agências noticiosas, a falta de originalidade é cada vez mais comum nas editorias de mundo”. 

A autora descreve uma pesquisa rápida entre a noite de sábado e a manhã de domingo do fim-de-semana da Cimeira, em que identificou 28 portais de notícias, sites ou webjornais do Brasil e do mundo, que estampavam nas respectivas capas essa mesma fotografia. 

Apesar de muitos dos meios referidos creditarem a imagem ao fotógrafo seu autor, “a maioria também vincula a fotografia a alguma agência internacional, prospectada fundamentalmente pelo grupo de agências europeias ou norte-americanas tais como: Reuters, Associated Press (AP) ou Agence France-Presse (AFP). Ou seja, a imagem foi obtida via agência e demonstra não só a capacidade de atuação destes agentes hegemónicos, como também o domínio que têm do mercado mundial de notícias e sua histórica influência no próprio conceito de notícia (Boyd-Barret, 2010)”. 

Outro problema referido é a “perceptível dificuldade de alguns meios em vincular a imagem ao texto”: 

O Globo, por exemplo, passa mais da metade da reportagem descrevendo a linguagem corporal da fotografia para, só então, adentrar o assunto da reunião do G7. Já o G1preferiu não entrar nas nuances da imagem e focar unicamente nos factos. Outros meios, como a Folha de S. Paulo e The New York Times, por sua vez, parecem ter encontrado uma boa saída. Ambos focaram na declaração que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu na sua conta no Twitter logo após deixar a reunião do G7. Ao afirmar que retirava o apoio ao documento final da reunião, conseguiram transformar em palavras o que a imagem diz.” (...) 

Uma outra preocupação da autora é a do jornalismo depender cada vez mais de declarações divulgadas pelas redes sociais:

“Ao ‘venderem’ uma ideia de omnipresença,  as agências dependem da disponibilidade de uma rede de fontes cada menos acessível fisicamente e mais presente nas redes sociais.” (...)

 

O artigo citado, na íntegra, em ObjEthos