Note-se que em Portugal os canais temáticos noticiosos da SIC e da TVI já adoptaram, ultimamente, a simultaneidade na emissão do bloco principal da noite. A RTP, porém, ao contrário da sua congénere inglesa, reformulou recentemente o seu canal noticioso, passando a designá-lo por RTP 3 e reforçando a sua autonomia informativa.

No caso da BBC, a migração para o online aconteceu primeiro com a BBC3 e agora com a BBC News, que abandonam, assim, o ecrã tradicional, recolhendo à emissão exclusivamente online.

Para os observadores mais atentos às mudanças nos media, a plataforma digital parece ser o futuro da emissora inglesa depois do The BBC Trust, supervisor da operadora, ter dado aval à adaptação da BBC3, canal orientado para os mais jovens, ao online, já em Março.

A possibilidade de converter o canal de notícias ao online estava ser considerada há vários meses a pretexto, como explicou a certa altura o director-geral Tony Hall, de permitir aos britânicos terem as "notícias na palma da mão", hipótese agora confirmada pelo director de informação da BBC, James Harding, que a justificou com o facto de as pessoas mais novas consumirem cada vez menos os media tradicionais.

Recorde-se que a BBC News Channel, lançada há quase 20 anos para combater a Sky News, e de onde saíram jornalistas de renome, é a vítima seguinte da exigência, de Downning Street, de reduzir em 20 por cento os seus gastos anuais ao longo dos próximos quatro anos.

Para Tony Hall, "a estação enfrenta desafios financeiros muito duros”. ( … ) “Inevitavelmente, teremos de encerrar alguns dos nossos serviços ou reduzi-los".

Para contrapor à contenção de custos, a BBC está a procurar ser imaginativa, tendo avançado já com a proposta de criação de um serviço on demand para crianças - o iPlay - e da Ideas Service, uma plataforma online para consulta, integrada por material da própria estação e de outras instituições, como museus e universidades.

Entretanto, um inquérito efectuado a cerca de dez mil britânicos trouxe algumas conclusões sobre as quais a estação publica inglesa terá de reflectir.

De facto, teme-se que a prioridade atribuída aos conteúdos online possa alienar espectadores que não lidam com as novas tecnologias.

Um jornalista da BBC lembrou mesmo, a propósito dos resultados deste inquérito, que as pessoas mais velhas “ainda gostam de se sentar em frente a um televisor a assistir a notícias";  ( … )  “não estão à espera de as ver num telemóvel". Afinal, sentem-se defraudadas por estarem a pagar um serviço que não utilizam.

Segundo o jornal The Independent, a abertura do novo serviço de streaming e o encerramento do canal de informação que este vem substituir - que tem uma média de três milhões de espectadores por dia - deverá reduzir as despesas, mas não em valores significativos.

As economias de escala inerentes ao online estão a transformar rapidamente a paisagem mediática audiovisual.