Os países europeus estão a tornar-se cada vez mais hostis à prática do jornalismo independente, apesar de serem considerados locais seguros pelos Índices de Direitos Humanos e pelo Índice de Liberdade de Imprensa dos Repórteres sem Fronteiras(RSF), denunciou Jon Allsop num artigo publicado no “site” da “Columbia Journalism Review”.
Allsop recordou, neste âmbito, que, no início de Julho, um jornalista de investigação holandês, Peter R. de Vries, foi alvejado ao sair dos estúdios da RTL. De Vries, que ficou conhecido por investigar casos de crime organizado nos Países Baixos, acabou por morrer, depois de nove dias internado em estado grave.
Além disso, em 2018, foi disparado um míssil contra os escritórios de uma editora de jornais holandesa.
Tudo isto aconteceu num país classificado em 6º lugar, entre 180, no Índice de Liberdade de Imprensa dos RSF, pelo que deveria ser -- pelo menos teoricamente -- um dos lugares mais seguros para a prática do jornalismo.
De acordo com Allsop, ataques semelhantes ocorreram na Alemanha, onde, alguns dias após o atentado contra Peter R. de Vries, três homens atacaram um jornalista turco radicado em Berlim.
O profissional em causa, Erk Acarer, trabalha numa emissora fundada por outros jornalistas turcos, e é conhecido por criticar o governo de Recep Tayyip Erdo?an. Após o ataque, Acarer revelou, nas redes sociais, que os agressores ordenaram que parasse de trabalhar enquanto jornalista.
A Alemanha está em 13º lugar no Índice dos RSF.
Julho 21
Allsop recorda, ainda que, na mesma semana, na Geórgia, um “cameraman” foi encontrado morto em casa, após ter sido agredido por radicais, no âmbito da cobertura mediática de uma manifestação contra os direitos LGBT. A Geórgia encontra-se em 60º lugar na avaliação dos RSF, à frente de países como o Japão e Israel.
Ademais, nos últimos anos, os países europeus assistiram a uma vaga de homicídios de jornalistas: da maltesa Daphne Caruana Galizia em 2017, do eslovaco Ján Kuciak em 2018, além do jornalista grego Giorgos Karaivaz, que foi assassinado no início deste ano.
Todos estes profissionais, à semelhança de Peter R. de Vries, estavam envolvidos em investigações sobre casos de corrupção e crime organizado.
Aliás, segundo recordou Allsop, os ataques e restrições à liberdade de imprensa verificam-se no seio de alguns governos e são impulsionados pelos seus líderes políticos, como é o caso de Viktor Orbán, da Hungria, Vladimir Putin, da Rússia, e Alexander Lukashenko da Bielorrússia.
Por outro lado, algumas figuras de topo dos Países Baixos consideraram o atentado contra Peter R. de Vries como "chocante e incompreensível", classificando o jornalista como um “ herói nacional”.
Infelizmente, ressalvou Allsop, as boas intenções destes políticos não foram suficientes para salvar a vida do jornalista.
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