A verdade é que  - e voltando à pergunta do título -  este procedimento põe problemas novos às editoras dos grandes meios tradicionais. Como diz Ion Bernstein, “se antes os publishers usavam as redes sociais como uma ferramenta promocional para atrair os utentes de volta aos seus websites, agora as redes sociais e as aplicações de mensagens transformaram-se em hospedeiros de conteúdos   – basta pensar nos Instant Articles, do Facebook; no Snapchat Discover; no Apple News; no LinkedIn Pulse; no Google AMP e até nos Twitter Moments”.

 

“Onde outras pessoas viam esta tendência como uma ameaça, nós a vimos como uma oportunidade”  -  disse Athan Stephanopoulos, presidente da NowThis, a uma audiência no painel de debates recentemente organizado pela Reuters Tomorrow’s News em Londres.

 

E o primeiro desses problemas novos é o da sustentabilidade financeira.

Falando durante o mesmo evento, Aron Pilhofer, editor executivo da versão digital do Guardian, disse: “Há um mundo que gostaríamos que existisse e há um mundo que existe. E o mundo que existe está cada vez mais distribuído e com menos intermediários financeiros. Podemos ignorá-lo e fingir que podemos criar uma empresa orientada por um destino [e não por um objectivo], como se estivéssemos em 1996, ou podemos conviver com ele.”  (...)

 

“Trata-se de um enorme desafio”  - reconheceu Nathalie Malinarich, editora de aplicativos móveis na BBC News online. “Quando você olha para os dados que recebe do Facebook, depois de meia hora já nem desconfia de onde vieram as notícias… A solução é encontrar sua própria voz e suas próprias matérias.” Para a BBC, identificar a sua própria voz tem a ver com imparcialidade e confiança. “Isso é muito importante numa área de conteúdo distribuído. Em quem vai confiar?”

 

Depois de mencionar diversas soluções experimentadas, o autor conclui:

“A curadoria de conteúdo  – combinando a filtragem guiada por dados com a intervenção humana –  poderia ser outro caminho para criar confiança e garantir a procedência do jornalismo mais procurado. Mas também isso, como o Facebook recentemente descobriu, não é isento de riscos. Afinal, as plataformas sociais podem incluir a tecnologia, mas não têm embutidos padrões editoriais éticos, processos e instinto.”

 

 

O texto no Observatório da Imprensa e o original de Ion Bernstein