As redes sociais como desafio e ameaça à democracia

O documento define como motivo desta iniciativa a “presente instabilidade nas democracias - causada em parte por uma crescente polarização política, um défice de confiança perante as instituições e elites, e ainda a divulgação de informação incorrecta, ou mesmo desinformação, por todo o globo”.
São identificadas seis questões-chave para o entendimento do que se passa com as redes sociais:
- – Câmaras de eco e polarização. O modo como funcionam as plataformas das redes sociais, combinado com a proliferação de media partidários nos canais tradicionais, exacerbou as divisões políticas e a polarização. Os algoritmos usados reforçam-nas e criam câmaras de eco que perpetuam pontos de vista extremados ou tendenciosos.
- – Divulgação de falsa informação. As redes sociais funcionam como acelerador, tanto da desinformação “viral”, deliberada, como da informação incorrecta, por eventual inadvertência. Podem ser criadas tanto por instituições oficiais como privadas.
- – A popularidade torna-se legitimidade. Os algoritmos das plataformas das redes sociais operam esta conversão, inundando o espaço público com afirmações conflituosas. Algumas plataformas assumem que o fazem intencionalmente.
- – Manipulação por líderes “populistas”. Os dirigentes “populistas usam as plataformas, muitas vezes com a ajuda dos chamados trolls [provocadores], de hackers contratados, mesmo em redes abertas como Twitter e YouTube. Actividades deste tipo são mesmo assumidas por governos de países democráticos.
- – Arquivo de dados pessoais. As plataformas das redes sociais tornaram-se um canal favorito para a publicidade. Para além das consequências conhecidas sobre o modelo de negócio dos media tradicionais, desenvolveram métodos avançados de captura dos dados de comportamento pessoal dos utentes.
- – Perturbação do espaço público. O procedimento de algumas plataformas está a ter efeitos secundários não intencionais, como o discurso de ódio, apelos terroristas e assédio racial e sexual, encorajando um debate menos cívico.
Mais informação no texto de Miguel Ormaetxea, editor de Media-tics, e o documento citado, que tem por título – “Is Social Media a Threat to Democracy?”