A informação é de L’Express, que faz um levantamento de outros media franceses que decidiram assumir esta postura e explicam porquê. No artigo que citamos, Julien Cadot conta que uma destas mentiras de Abril, publicada em 2015 no site de Rue89, sobre um aparelho de escuta dissimulado nos detectores de fumo, continua a circular em grupos que a tomam a sério. 

Outro comentário, de Arnaut Granata, presidente da Infopresse Communications no Québec, em resposta a Le Devoir

“Há uma responsabilidade que me parece assumida pelos meios de comunicação que se recusam a tomar parte no ‘Primeiro de Abril’. Não quer dizer que eles não possam dar provas de humor, mas há outras secções para isso  - a publicidade, a promoção. Os media devem ser uma referência de credibilidade.” 

Como afirma também a jornalista Karine Bellifa, de France 3

“Não queremos semear aqui a dúvida e participar na mistura do verdadeiro com o falso, mesmo que seja a brincar. Mesmo que este dia seja habitualmente reservado para fazer rir com informações que podiam ser reais, mas não são. Muitos são os acontecimentos, e abundantes as vossas reacções, a mostrarem que também para vós, como para nós, a informação é um assunto sério. E mais ainda nestes últimos meses.”  

L’Express acrescenta que uma sondagem recente, de Janeiro de 2019, revela que um terço dos franceses já partilhou informações falsas por engano. 

“É preciso não esquecer  - sublinha ainda Julien Cadot -  que as piadas do ‘Primeiro de Abril’ ficam sempre. O artigo vai continuar acessível anos mais tarde. Para quê dar esse trabalho suplementar ao leitor, de ir verificar a data para tirar a limpo a credibilidade de um artigo?” (...)

 

Curiosamente, um grupo de investigadores britânicos está a usar mentiras do 'Primeiro de Abril' como instrumento para treinar algorimos na detecção de desinformação. Segundo o Público, o argumento é que, "numa era de desinformação, todos os dias se parecem com o Dia das Mentiras":

"As piadas do dia 1 de Abril são úteis porque nos dão uma fonte verificável de textos enganosos que podemos utilizar para encontrar técnicas linguísticas utilizadas quando um autor quer escrever algo fictício disfarçado de um facto"  - explicou Edward Dearden. "Isto dá-nos uma melhor ideia do tipo de linguagem utilizada por autores de desinformação." (...)

 

O texto aqui citado, em L’Express,  e mais informação  no Público