Aquisição da Euronews por investidor português gera polémica
A sociedade portuguesa de capital de risco Alpac Capital comprou, recentemente, o canal internacional Euronews, passando a controlar uma quota de 88% da empresa que, até agora, era detida pelo multimilionário egípcio Naguib Sawiris.
Após o anúncio deste negócio, o CEO da Alpac, Pedro Vargas David, anunciou, em entrevista ao “Expresso”, o seu compromisso com o “crescimento digital” da marca e com a qualidade do jornalismo exercido.
Contudo, pouco tempo depois, a operação começou a gerar alguma desconfiança.Isto porque, conforme noticiou o jornal digital “Observador”, a Alpac poderá ter ligações ao governo húngaro, liderado por Viktor Orbán.
De acordo com a mesma fonte, Pedro Vargas David é filho de Mário David, antigo vice-presidente do PPE, ex-secretário de Estado (em 2004, no efémero Governo de Santana Lopes) e mais recentemente, conselheiro principal no gabinete do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. O percurso de Mário David começou a dar que falar em 2016, quando se assumiu como uma das figuras principais da candidatura da búlgara Kristalina Georgieva a secretária-geral da ONU, contra o português António Guterres.Além disso, conforme indicou o “Observador”, Mário David é conhecido por estabelecer pontes entre o ocidente e o leste da Europa.Desta forma, começaram a levantar-se questões sobre a independência da Euronews.
A polémica já levou Orbán a recusar, citado pelo jornal “Politico”, qualquer interferência política na Euronews, acrescentando, em tom irónico, que o seu partido, o Fidesz, não tem qualquer plano de “criar um império mundial”.
Da mesma forma, Pedro Vargas David, já negou qualquer ligação do pai às actividades da Alpac.
Dezembro 21
Ademais, em entrevista ao “Politico”, o presidente do conselho de administração da Euronews, Michael Peters, disse ter a “100% certeza que os projectos financeiros [de Pedro Vargas David] nunca irão interferir na Euronews”.
“Tenho todas as garantias de independência editorial”, afirmou aquele responsável.
O “Observador” revelou, ainda, que, nos últimos dias, o novo detentor da Euronews esteve numa reunião com os cerca de 600 colaboradores do canal, indicando-lhe que continuariam a trabalhar como sempre fizeram.
“Não há alteração nenhuma, mudança nenhuma, façam o que sempre fizeram. Não há melhor prova de independência. Quem vai responder a estas acusações são vocês, continuando o trabalho que sempre fizeram”, disseram os novos donos do canal de televisão, depois de terem sido reveladas informações sobre as eventuais ligações da Alpac Capital ao regime de Orbán.
Recorde-se que Viktor Orbán é considerado um dos principais “Predadores da Liberdade de Imprensa”, pelos Repórteres sem Fronteiras (RSF), que acusam o líder húngaro de “minar o pluralismo e a independência dos meios de comunicação”.
A Húngria encontra-se, agora, em 92º lugar no Índice de Liberdade de Imprensa dos RSF, entre 180 países.
Mais de metade dos jornalistas inquiridos num estudo recente afirmaram já ter considerado deixar o seu trabalho por motivos de exaustão ou mesmo de burnout. Os dados estão disponíveis num...
A equipa do Nieman Lab esteve na conferência anual da Online News Association (ONA) e fez um resumo de algumas notas coligidas durante o encontro, que decorreu entre os dias 18 e 21 de Setembro, em...
Uma das funções do jornalismos é ser “tão ágil quanto certeiro a contar o que está a acontecer e fazê-lo de forma ordenada e contextualizada”. Até aqui nada de novo. “A novidade é que...
Embora se definam apenas como plataformas tecnológicas, as redes sociais influenciam as opiniões pessoais. Os especialistas em comunicação, como Rasmus Kleis Nielsen, autor do artigo News as a...
De acordo com Carlos Castilho, do Observatório de Imprensa do Brasil, com o qual o CPI mantém uma parceria, o jornalismo enfrenta, actualmente, dois grandes desafios, nomeadamente,...
Num texto publicado no media-tics, o jornalista Miguel Ormaetxea, reflectiu acerca da receita de publicidade digital dos media, que, em grande parte, fica nas mãos de grandes empresas de tecnologia,...
Num texto publicado na revista ObjETHOS, um dos seus pesquisadores, Raphaelle Batista, reflectiu sobre o papel que o jornalismo teve no Brasil durante 2022, assim como o que deve ser mudado.
Batista...
O Journalism Competition and Preservation Act (JCPA), um projecto de lei que pretendia “fornecer um 'porto seguro' por tempo limitado para algumas organizações de notícias negociarem...
Algumas organizações criaram um novo guia, Dimensions of Difference, para ajudar os jornalistas a entender os seus preconceitos e a cobrir melhor as diferentes comunidades. Este projecto baseia-se...