Rogério Christofoletti começa o seu texto com uma constatação irónica: se há um tipo de notícia “que faz brilhar os olhinhos dos donos dos media é o anúncio de que alguém vai abrir as torneiras do dinheiro”.  (...) 

E, segundo Marco Tulio Pires, que coordena o Google News Lab, “já foram injetcados 36 milhões de reais no mercado brasileiro desde 2018; não é pouco, mas está longe de ser a salvação da lavoura.” 

Adiante, comenta e esclarece: 

“O buraco é mais em baixo. Será que a indústria jornalística pode ficar refém da vontade e do planeamento financeiro de gigantes da Internet que ajudam a corroer o negócio das notícias? Não dá para buscar saídas da crise sem depender dos milhões das grandes plataformas? O dinheiro não pode vir de outras fontes ou cofres?” 

“A benevolência das big techs não é uma maneira de conter efeitos colaterais da quebradeira que vêm provocando em tantas outras actividades económicas?” 

O autor cita “o apetite insaciável” das duas grandes empresas citadas, que já devoram “mais da metade do bolo publicitário actual”, conforme os números mais recentes chegados dos EUA. 

Além disso, “também drenam o tempo e a atenção dos usuários no planeta todo, desviando o interesse das notícias, entre outros efeitos”. (...) 

E conclui: 

“É errado, então, receber dinheiro do Google e Facebook para fortalecer o jornalismo? Não é errado. Mas depender deles para tirar a cabeça para fora da água é muito, muito temerário.” 

“A indústria jornalística precisa de soluções, das suas próprias soluções. Será necessário meter a mão no bolso e convencer a sociedade, os governos e outros actores económicos a investir em jornalismo. Proteger o jornalismo é manter empregos e empresas, mas também é reforçar um importante tecido que dá sentidos para as pessoas e as sociedades.”

 

O artigo aqui citado, no Observatório da Imprensa. Mais informação sobre o evento “Google for Brasil”