A antologia reparte-se em cinco capítulos: o primeiro faz uma breve genealogia da crítica dos media no Brasil, a partir de Alberto Dines; o segundo mostra como o Observatório se revelou espaço de referência crítica na transição entre o primeiro e o segundo mandatos do Presidente Fernando Henrique Cardoso; no terceiro, relativo aos dois mandatos de Luiz Lula da Silva, “a ênfase foi nas alterações geopolíticas mundiais, em factos que marcaram a vida nacional, bem como na relação entre media e governos”. 

No capítulo quarto, os textos “reflectem um país e o mundo em ebulição”, entre 2011 e 2016, correspondente ao período governado por Dilma Rousseff, em que “as manifestações populares nos grandes centros urbanos, as denúncias de corrupção, dão o tom de uma época em que o jornalismo se viu desafiado pelo real histórico”. 

No último capítulo, a ênfase recai sobre “dilemas éticos na cobertura da Lava Jato, a intolerância nas redes sociais e os novos desafios trazidos pelo ecossistema da desinformação”. (...) 

Em entrevista aos organizadores da antologia, Luiz Egypto sintetiza o espírito do Observatório como espaço participativo de crítica dos media

“Só não publicávamos textos apócrifos, ofensas pessoais, manifestos, pedofilia e qualquer tipo de intolerância (racismo, antissemitismo, machismo). Mesmo que discordássemos, tudo o que tinha a ver com crítica dos media era publicado, tornando-nos o maior fórum de discussão de comunicação no país, mesmo que fosse crítica a nós mesmos.” (...) 

E como sintetiza o próprio Alberto Dines, num dos textos incluídos: 

“Ao iniciar o nosso projeto na Universidade de Campinas, no início dos anos 1990, sob o comando do seu reitor Carlos Vogt, pretendíamos introduzir um novo item na agenda nacional: o debate sobre a Imprensa. Não exigimos leis, estatutos ou códigos. Optamos por algo mais simples e mais orgânico. Sabemos que ao observar um fenómeno intervimos nele  — então, ao observar a Imprensa, estimulamos um movimento por mudanças. Interno, endógeno.”

 

Mais informação no Observatório da Imprensa