Estas conclusões lembram o chamado Paradoxo de Fenno, “a noção de que os americanos podem desaprovar o Congresso, mas apoiam os seus membros [que eles mesmos elegeram] no Congresso. E assim como os membros do Congresso cuidam dos seus constituintes e ajudam a levar dinheiro para os seus distritos, os media locais ajustam a reportagem a uma informação que seja útil à sua audiência local”  - como explica Jason Reifler, cientista político na Universidade de Exeter, no Reino Unido, e um dos co-autores do estudo do Instituto Poynter. (...)

As conclusões “sublinham de facto, que os níveis local e nacional são como animais diferentes; as pessoas entendem-nos de modo diferente”  - diz Joy Mayer, directora do Trusting News Project: 

“A maioria dos jornalistas locais não faz a cobertura de coisas que tratam de política nacional. Podem ocupar-se antes dos desportos no Liceu, negócios locais, questões de educação ou de crime que afectem as suas comunidades.” (...) 

“Quem disser que as pessoas não confiam nos meios noticiosos não está a procurar bem”  - diz David Chavern, presidente e CEO da News Media Alliance, a associação nacional que representa as empresas dos jornais: 

“A confiança baseia-se na experiência, e as pessoas têm uma longa e profunda experiência dos seus media locais.” 

“Apesar dos esforços de Trump para denegrir o jornalismo como sendo fake news, a confiança em todos os tipos de meios noticiosos, em todo o espectro político, subiu desde a última sondagem do Poynter, de Novembro de 2017, sugerindo que as tentativas, por parte do Presidente, para desacreditar o jornalismo, podem estar a ter menos efeito ano e meio depois do início da sua presidência.” (...) 

“O facto de os Republicanos estarem um pouco mais confiantes [nos media] sugere que há algum efeito de ricochete [contra] a sugestão, pelo Presidente, de que os meios noticiosos não são credíveis de modo geral”  - diz Tom Rosenstiel, director executivo do American Press Institute, em Washington: 

“Uma coisa é dizer: ‘Não confiem nos media a meu respeito, ou do meu governo’. Mas é muito mais perturbador afirmar que ‘Todos os media, em todo o lado, não são dignos de crédito’. Em que ponto ficam as pessoas, numa sociedade, se não podem acreditar na informação que lhes chega dos media, a respeito de qualquer coisa?” 

O estudo citado revela que 86% dos Democratas manifestam confiança nos media (o que significa 12 pontos percentuais acima da última sondagem Poynter, de Novembro de 2017). Só 23% dos Republicanos procedem do mesmo modo, embora isto seja quatro pontos acima da referida sondagem. 

Como mostram os quadros interactivos, Democratas e Republicanos encontram-se nos extremos opostos do espectro no que se refere à sua confiança ou descrédito no jornalismo. (...) 

“Quando os investigadores perguntavam pela confiança na Fox News e na CNN, a fronteira partidária era especialmente pronunciada. Só 21% dos Democratas declararam muita, ou ‘uma boa dose’ de confiança na Fox, enquanto só 19% dos Republicanos afirmava a mesma confiança na CNN. A atitude de descrédito, de cada lado, aparece como imagem de espelho.” (...) 

[Os mapas são interactivos e as colunas que representam as percentagens movem-se consoante tocamos a seta da direita ou a da esquerda]

O texto citado, na íntegra em Poynter.org.